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Fábio Seixas

Motivos de sobra

No grid de Indianápolis, no último domingo, ninguém merecia mais a vitória do que Kanaan

1) Entre os 33 do grid de Indianápolis, no domingo, ninguém carregava recordes tão incômodos como Kanaan. Piloto que mais havia liderado voltas no superspeedway sem nunca ter vencido a prova: 221. Contabilizadas as 97 edições da corrida --vejam bem, noventa e sete!--, terceiro piloto desta estatística.

2) Em 11 participações, Kanaan havia ficado três vezes no quase. De forma dolorosa. Em 2004, cruzou em segundo, a 0s1559 de Rice. Em 2007, liderava quando a prova foi interrompida pela chuva. A disputa foi reiniciada em uma decisão controversa, e Franchitti levou. Em 2010, largou em último e chegou à liderança, mas abandonou a quatro voltas do final, sem combustível.

3) Nas últimas semanas, Kanaan teve de falar inúmeras vezes sobre os seus "azares" em Indianápolis.

Ao site da Indy deu uma entrevista sincera: "Não acho que esse lugar tenha uma dívida comigo. Liderei 8 das 11 corridas que disputei aqui. Seria injusto dizer que mereço a vitória, porque há outros 32 trabalhando por isso".

4) Antes do embarque para Indianápolis, Kanaan ouviu do filho, Léo, 6, uma reclamação. O menino disse que não lembrava de ver o pai vencendo uma corrida. A última vitória fazia quase três anos: junho de 2010, no Iowa.

5) Pai e filho... Um capítulo à parte. Kanaan tinha 13 anos quando o pai morreu, vítima de câncer. Um trauma.

6) Pensou em abandonar a carreira, mas persistiu e, aos 18, foi correr na Itália. Morava na oficina. Ganhou o campeonato de Alfa Boxer e usou o prêmio de reinvestir na carreira e tentar a F-3.

Trancos e barrancos. É a tônica da sua carreira.

7) Nove anos atrás, durante uma visita a um hospital, Kanaan se emocionou com uma menina de 14 que estava em coma após sofrer um AVC. Entregou à mãe dela um colar, um amuleto dado por dona Miriam, sua mãe, para protegê-lo nas corridas.

Dias antes da última corrida, o piloto recebeu um carta. A remetente era a menina. Com os agradecimentos, a devolução do colar. Ele correu com o amuleto no bolso.

8) Um dos maiores heróis da história do esporte, Zanardi levou um de seus ouros paraolímpicos para Indianápolis. Esfregou a medalha no carro de Kanaan, seu amigo do peito. No pit wall, nas voltas finais, o italiano era dos torcedores mais fanáticos.

9) "TK, TK, TK!", gritavam as arquibancadas de Indianápolis. Entre seus concorrentes no final da prova, dois pilotos da casa. Americanos não vencem lá desde 2006. Isso dá uma dimensão do carisma do brasileiro na Indy.

10) O cara é das melhores pessoas que este colunista conheceu em 16 anos cobrindo automobilismo mundo afora.

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Daria para escrever mais dez colunas como esta. Motivos não faltam para chancelar como merecidíssima a vitória nas 500 Milhas. Ao Tony, parabéns.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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