Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Torero na cativa

Provação sem fim

Não gosto de ser rabugento, mas achei Taiti e Uruguai ruim em vários aspectos. E não estou falando de futebol

JOSÉ ROBERTO TORERO ESPECIAL PARA A FOLHA, EM SÃO LOURENÇO DA MATA (PE)

Não gosto de jornalista que faz o gênero rabugento, que fica vendo defeito em tudo e dizendo: "Imagine na Copa". Mas hoje não tem jeito. Terei que engrossar suas fileiras.

Não sei se estava influenciado pela superlua ou pelo supersol, mas o fato é que achei o jogo entre Taiti e Uruguai ruim em vários aspectos. E não estou falando de futebol.

Para começar, o estádio fica muito longe do Recife. Na verdade, fica em outra cidade: São Lourenço da Mata. O hotel oficial da imprensa estava a 28 km do estádio. O meu, um pouco mais perto, ficava a 21 km. Cheguei a sentir saudades do Morumbi.

A Arena Pernambuco não tem falta de mobilidade. Pelo contrário, exige mobilidade demais. A entrada do estádio fica longe do ponto de ônibus mais próximo. Foram 1.300 metros (medidos com meu GPS) embaixo do supersol até o portão de entrada.

E o problema não parou aí. Os funcionários não sabiam informar onde era o centro de mídia. Há tapumes e barreiras por todos os lados e, é claro, pouquíssimas placas.

Fui acabar na área VIP. Obviamente, não me deixaram ficar por lá. Vaguei de indicação em indicação por 45 minutos, até que uma santa voluntária (os voluntários pernambucanos são extremamente amáveis) me deixou bem perto do centro.

Acabou a provação? Que nada! Não tinha comida para os jornalistas. É que havia acabado a carne, e o tal padrão Fifa não permite que sirva-se comida sem proteína.

Mesmo que você seja vegetariano e queira comprar seu prato sem carne, o patrão (com tê) Fifa não permite. Minha saída foi comprar uma saudável Coca-Cola e um nutritivo sorvete.

O pior ainda estava por vir. Por conta da caminhada sob o sol, minha pressão baixou e tive que deitar num sofá, onde servi de alimento (com proteína) aos pernilongos. Perguntei se havia algum médico por ali. Adivinhe?

Então chegou a hora de subir para a tribuna de imprensa. É claro que ela ficava no ponto mais alto do estádio.

"Onde é o elevador?", perguntei inocentemente. "Não está funcionando", me responderam. Se eu fosse um jornalista cadeirante, não poderia usar o centro de mídia. Sem outra opção, lá fui eu escalar a Arena Pernambuco.

As coisas estariam ainda pior se eu fosse um dos torcedores que sentaram do lado oposto do estádio. Como a cobertura do estádio é mais modesta aqui, em algumas cadeiras o sol só parou de bater no segundo tempo.

Talvez no futuro estas partes sejam conhecidas como "ala da insolação", "frigideira" ou "inferno vermelho", por conta da cor das cadeiras.

É claro que a visibilidade do estádio é ótima, ele é bonito, foi emocionante ver os taitianos com a bandeira brasileira no final e a torcida se comportou com grande simpatia, torcendo muito pelo time da Polinésia.

Daria até para plagiar um slogan dos tempos de Lula e dizer: "A melhor coisa da Arena Pernambuco são os pernambucanos".

Mas acho que hoje fico com o slogan dos rabugentos: "Imagine na Copa".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página