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Fábio Seixas
Automobilismo
Le Mans e Pikes Peak, em domingos seguidos, fazem a gente lembrar das origens do esporte
Eram 56 carros na largada, cada um com três pilotos inscritos. Desses 168, 18 ex- F-1, 40 estreantes, 9 ex-vencedores da prova, 2 mulheres, 2 brasileiros, um piloto com quase 65 e um outro com pouco mais de 20.
No grid, marcas como Audi, Toyota, Porsche, Aston Martin, Ferrari, Nissan, Honda.
À frente deles, 24 horas de corrida. Uma maratona. E um circuito mítico. Le Mans.
Na terceira das 348 voltas que seriam completadas, uma morte, a primeira desde 1997.
Allan Simonsen, dinamarquês, 34, descrito por amigos como fanático por tudo que tivesse quatro rodas, perdeu o controle na curva Tetre Rouge e bateu com tudo no guard rail. Saiu do carro consciente, mas não resistiu três horas depois.
Foi só a primeira das 12 intervenções do safety car, um recorde em 81 edições da prova.
Porque teve de tudo.
Piso seco e piso molhado, muitas vezes ao mesmo tempo, em trechos diferentes dos mais de 13 km da pista. Dois dos carros favoritos da Audi enfrentando problemas, um com o alternador, outro com um pneu furado. A decisão da Aston Martin de continuar na prova, após pedido da família de Simonsen. A segunda colocação da Toyota, que passou os dias anteriores à prova na sombra da rival.
Para terminar, como que num enredo cuidadosamente armado, a nona vitória de Tom Kristensen, ampliando seu recorde no circuito.
(Sim, Kristensen, dinamarquês como Simonsen, que viu dos boxes o amigo se arrebentar na pista e que completou toda a última volta dessa corrida épica com lágrimas sob o capacete.) Tudo isso no final de semana passado.
E neste agora tem Pikes Peak.
Será o 97º aniversário da mais badalada corrida de montanha do mundo. São 20 km de subida, até 4.301 m de altitude, com 156 curvas à beira do penhasco e inclinação mínima de 7 graus.
A grande atração do ano é Sébastien Loeb, ele mesmo, eneacampeão mundial de rali, atualmente competindo no Mundial de GT e que vai acelerar um Peugeot 208 T16 especialmente preparado para a prova.
O carro tem 875 cavalos e acelera de 0 a 100 km/h mais rápido do que um F-1.
O grid será definido hoje. Seus principais adversários devem ser o também francês Romain Dumas, com um Porsche, e o neozeolandês Rhys Millen, com um Hyundai. E, claro, o eterno Nobuhiro "Monster" Tajima, 62, que tem o melhor tempo da prova, além de nove títulos no bolso do macacão.
Prova dramática de endurance num domingo. Corrida de subida de montanha no outro. Carros e nervos em teste máximo. A essência, a origem do automobilismo.
Silverstone que me perdoe, mas virou coadjuvante neste final de junho.