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Opinião

Língua é dificuldade, mas transporte no Brasil é mais grave

FRANÇOIS COLIN ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando saí da Europa para vir à Copa das Confederações, achei que seria uma festa sem igual, porque este é o verdadeiro lar do jogo bonito e o país no qual o futebol, mais que em qualquer outro lugar, constitui uma religião.

No lugar disso, encontrei o povo que tanto ama o futebol em revolta contra seu governo, a Fifa e a Copa.

Nas últimas semanas, visitei três estádios (Maracanã, Castelão e Fonte Nova) e quatro cidades-sedes da Copa (São Paulo, Rio, Fortaleza e Salvador) e estou preocupado com o torneio do ano que vem.

Os novos estádios são bonitos, não se pode negar, mas os milhares de torcedores que virão da Europa só estarão nas arenas por algumas horas, a cada dois ou três dias.

Creio que eles se surpreenderão muito com o que vão encontrar no Brasil.

A vida aqui é cara, mesmo para europeus, e os padrões dos hotéis que vi são inferiores aos do velho continente. A segurança pode ser um problema, assim como o idioma. Pouca gente fala outra língua que não o português.

Mas, acima de tudo, creio que a maior preocupação será o transporte.

O Brasil é grande. A próxima Copa será realizada num continente e não num país.

Isso é totalmente novo, e a única comparação possível é com a Copa dos EUA, em 1994. A diferença é que lá o sistema de transportes funcionava perfeitamente.

Tive problema para chegar de Fortaleza a Salvador a tempo para o jogo do dia seguinte. O que acontecerá quando forem 500 mil visitantes?

E viagens aéreas são a única opção, não só por causa das distâncias como por causa das estradas, que são realmente horríveis e perigosas.

Em janeiro deste ano, cobri a Copa Africana de Nações, na África do Sul. Desembarquei em aeroportos esplêndidos e percorri o país de carro em novas e excelentes rodovias. Tudo isso é legado da Copa do Mundo de 2010, e é o que não estou vendo no Brasil.

A Fifa deveria ter dito aos brasileiros que "não queremos elefantes brancos; podemos nos ajeitar com 10, nove ou até mesmo oito estádios".

O Brasil teria economizado muito dinheiro e ainda assim teria construído diversos estádios novos. Nada contra isso. Um país que ama o futebol precisa de estádios novos e seguros, mas não deveria jogar dinheiro fora em concreto.


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