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Ginastas buscam vaga olímpica na neve
JOGOS-14 Lais Souza e Josi Santos tentam superar inexperiência e medo para disputar a Olimpíada de Inverno
Uma pirueta, duas piruetas. Há nove anos, em Atenas, Lais Souza realizava acrobacias em sua primeira Olimpíada. Voltou a solos, traves e barras em Pequim-2008.
Quatro cambalhotas, cinco cambalhotas, dezenas de lesões depois e, anteontem, a ginasta de 24 anos embarcou para o sonho de disputar a terceira Olimpíada.
Ao seu lado, no avião rumo ao Canadá, a ginasta Josi Santos, 28. Graças às mesmas acrobacias, daqui a sete meses elas querem aterrissar na neve de Sochi, na Rússia, como as primeiras brasileiras a disputarem a prova de esqui aéreo nos Jogos de Inverno.
"Dá um nervosismo. Nunca esquiei e creio que é perigoso. Está dando muito medo", afirma a paulista.
Neste ano, ela já havia decidido não competir mais pelo Clube Pinheiros e não voltar à seleção brasileira de ginástica da qual foi cortada de Londres-2012, por lesão.
"[O maior desafio] para mim é o frio. Para a Lais, é o medo, mas tudo se supera. Sabemos a tensão do esporte, mas ela tem o mesmo objetivo que eu e, juntas, faremos esse esporte se expandir", diz Josi, que já representou o Brasil em torneios internacionais e também deixou a ginástica devido às lesões.
Ambas foram convidadas para participar de uma seletiva, na pista artificial de esqui em São Roque, a 60 km de São Paulo, em maio.
Foi a primeira vez que esquiaram. Lais teve contato com esqui e neve no Chile como turista. Josi conheceu a modalidade em vídeo na web.
A seleção foi feita em teste na cama elástica, pelo canadense Ryan Snow, técnico com pódio olímpico no currículo. Ele é contratado da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), que tem recursos do Ministério do Esporte (R$ 982 mil) e da Lei Piva (R$ 1,5 milhão), via Comitê Olímpico Brasileiro.
"A transição de ginastas para o aerials' já teve sucesso na Austrália e nos Estados Unidos. O que mais influencia na nota é a acrobacia. É possível elas irem a Sochi", diz o superintendente da CBDN, Pedro Cavazzoni.
São 25 vagas para os Jogos de 2014 na modalidade esqui aéreo, na qual o atleta desce uma pista na neve, é lançado para o ar por uma rampa, faz acrobacias e aterrissa.
O treinamento de 50 dias em Whistler, no Canadá, será realizado com a queda em piscina ou colchão de ar.
As chances de classificação olímpica serão em cinco etapas da Copa do Mundo, de dezembro a janeiro.
Até lá, mesmo com frio na barriga, Lais e Josi vão precisar de superpiruetas e hipercambalhotas.