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Máquina da verdade

Brasil importa equipamento médico que ajuda na análise física e mental de atletas, além de detectar talentos para o atletismo

MARCEL MERGUIZO PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

Em São Paulo, o saltador Jadel Gregório, 32, termina o último treino às vésperas do Troféu Brasil. No Rio de Janeiro, a velocista Bárbara Leôncio, 21, finaliza uma prova.

Ele está mentalmente cansado porque sofre de insônia; ela, estressada em razão de problemas no namoro.

Os diagnósticos foram feitos ainda em pista, minutos depois de encerradas as atividades que realizavam.

O segredo é um equipamento importado da França que a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) vai passar a usar nas seleções nacionais a partir de agosto.

É uma tentativa a mais de avaliar e sanar problemas dos atletas do país e prepará-los para a Olimpíada do Rio.

Nos Jogos de Londres-2012, a delegação brasileira não conquistou nenhuma medalha no atletismo -fracasso que não ocorria desde a edição de Barcelona, em 1992.

NOVA ALIADA

O trunfo da máquina, certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é detectar fatores

que afetem a performance esportiva, da sobrecarga em treino ao nível de estresse.

Ela se baseia num sistema francês chamado Eletro Sensor Complex, que já é aplicado em tratamento medicinal no Brasil e em outros países.

A Folha acompanhou o teste realizado em Gregório, vice-campeão mundial em 2007 e finalista nas Olimpíadas de 2004 e 2008.

Também teve acesso ao vídeo que mostra o exame feito em Bárbara, símbolo da vitória do Rio na campanha para sediar os Jogos de 2016.

O procedimento é simples.

Antes, durante e depois do treino ou competição, o atleta é conectado a um computador por meio de sensores nas mãos, no pés e na testa.

Não é preciso tirar sangue. As medições se dão por meio de estímulos elétricos, suor e batimentos cardíacos.

Então, graças a adaptações feitas com consultoria de Antonio Carlos Gomes, superintendente da CBAt, o programa mostra como o atleta está física e mentalmente.

No caso do saltador, todos os parâmetros físicos estavam dentro do padrão de um atleta. O triplista, porém, apresentou cansaço na atividade cerebral, uma situação nociva a um bom rendimento.

Logo depois, Gregório revelou ter insônia, possível causa da alteração no teste.

"Nunca fiz um exame rápido como este. O melhor é que não precisa tirar sangue, algo que muito atleta não gosta", disse o saltador, que ainda brincou. "Só falta o equipamento ler pensamento".

Com Bárbara Leôncio, o teste conseguiu monitorar o estresse dela. E o vídeo mostra a melhora logo no momento em que seu namorado chega e vai ao seu encontro.

DETECÇÃO

A partir do dia 29, o equipamento também será usado para captar talentos em Brasília e São Paulo, por meio do projeto Brasil Rumo 2016, idealizado pelo Idecace (Instituto para o Desenvolvimento da Criança e do Adolescente pela Cultura e Esporte).

Por questão de confidencialidade, nem a CBAt nem o Brasil Rumo 2016 revelam o número de equipamentos comprados nem as despesas.

O projeto não tem fins lucrativos, e os custos devem ser absorvidos dentro do protocolo de seleção de talentos.

Segundo Wilson Cardoso, presidente do Idecace, uma bateria de exames que detecta todos parâmetros semelhantes pode custar R$ 7.000.

E também demora muito mais. Um teste para resistência a insulina, que reconhece um pré-diabético, pode levar até seis horas para ser feito com amostras de sangue.

No caso da detecção de atletas, segundo responsáveis pelo equipamento, é possível identificar talentos por meio de pré-requisitos atléticos, de potencial biológico e de capacidade esportiva.

A Folha acompanhou testes feitos nos aspirantes Daniel Sigaki, 16, e Janiele Vieira Leite, 17, revelações do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da Prefeitura de São Paulo.

No programa, há uma pontuação para cada um dos mais de 30 parâmetros fisiológicos avaliados. Os dois jovens foram "aprovados" e passaram pela "máquina da verdade" do atletismo.


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