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Novo chefão do atletismo adota estilo russo e exige mais rigidez

RIO-16
Dirigente passou 11 anos em 'laboratórios secretos' de soviéticos

MARCEL MERGUIZO DE SÃO PAULO

"Ahtoshka" era a maneira carinhosa pela qual os russos chamavam Antonio Carlos Gomes durante os 11 anos em que ele estudou em Moscou.

O diminutivo nos nomes, porém, é das poucas semelhanças que o novo chefão do atletismo brasileiro recorda do tempo (1986 a 1997) em que esteve dentro dos "laboratórios secretos" da ex-União Soviética acompanhando o trabalho dos cientistas do esporte russo.

Novo superintendente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Gomes, 53, quer revolucionar a modalidade com mais rigidez junto aos atletas e integração dos treinadores.

"Incomoda, com o tamanho do Brasil, ir à Olimpíada, disputar 140 medalhas e não trazer nenhuma como em Londres", diz Gomes à Folha.

Mestre e doutor pelo Instituto Estatal da Ordem de Lenin, ele tem um plano que vai da iniciação para 3 milhões de crianças, à criação de cem núcleos de aperfeiçoamento e à remodelagem de quatro centros de alto rendimento.

"É uma mudança grande que já está funcionando. Dinheiro não falta", afirma. A CBAt receberá, até 2016, cerca de R$ 31 milhões por ano do governo e de patrocínio.

As propostas não devem surtir efeito no Mundial, que começa dia 10, em Moscou, "segunda casa" de Gomes, que chefiará a delegação e projeta oito finais do Brasil.

Na volta, o projeto é ter os principais competidores concentrados por mais tempo, criar um sistema nacional de treinamento e afunilar a seleção para levar menos atletas às grandes competições.

"Na Rússia existe um sistema organizado, um conceito. Nós temos tudo solto. Mas se atacarmos em massa no Brasil, em dez anos podemos virar uma potência."

Um fórum nacional já está marcado para outubro. Discutirão propostas polêmicas do paranaense que chegou ao cargo a convite do novo presidente da CBAt, José Antônio Martins Fernandes, que assumiu em março o lugar de Roberto Gesta de Melo, após este ficar 26 anos no poder.

"A mudança cultural é dura. Nosso atleta não está acostumado a concentrar. Ele treina e vai para casa, para a discoteca. Ser atleta não é ter vida comum. E aqui tem muita praia, gente bonita, balada."

Entre os soviéticos, Gomes sofreu com o frio, o preconceito e a língua, mas viu astros como o recordista mundial do salto com vara, Sergei Bubka. "Sete meses por ano a Rússia está coberta de neve. Tinha um lugar bom para passear: a pista de atletismo."

No Brasil, o funil será mais rígido até a Olimpíada do Rio.

Em 2016, ele quer foco em quem estiver entre os dez do mundo. Em 2015, nos 15 melhores. Este ano, o Brasil vai com 32 atletas ao Mundial. Em 2015, não mais que 20, diz. Ou seja, para os brasileiros, o inverno está chegando.


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