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Foco

Por mais oportunidade e dinheiro, judocas brasileiros trocam de país

Brasil terá competidores em busca de medalhas por outras delegações no Mundial do Rio

PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

O capixaba Nacif Elias, 24, passa longe de ser fluente em árabe. Mas isso não o impedirá de cantar o hino de sua nova pátria caso conquiste seu maior objetivo: subir ao pódio no Mundial do Rio, que começa amanhã.

Por dinheiro, oportunidade e até desavença com a CBJ (Confederação Brasileira de Judô), Nacif, que defendia a seleção verde e amarela até o início deste ano, cedeu a um convite e se naturalizou.

No Rio, no Maracanãzinho, disputará sua primeira grande competição pelo Líbano.

A história de Nacif é só uma entre tantas de brasileiros que mudaram de bandeira para vingarem no tatame. No Mundial carioca, seis deles defenderão Guiné-Bissau, Canadá, Israel, Portugal e Grécia, além do Líbano.

"Eu já havia recebido convite para disputar a Olimpíada de Londres pelo Líbano. Mas eu tinha um sonho de defender o Brasil", disse o judoca, cujo bisavô era libanês.

A querela entre Nacif e a CBJ teve a ver com peso. A entidade defendia que ele deveria lutar na faixa até 90 kg. Ele queria a categoria inferior, a até 81 kg, na qual competirá no Mundial do Rio.

"Não reclamo da CBJ. Disseram que faltou diálogo, mas estou feliz", declarou.

LAÇOS DE FAMÍLIA

O parentesco muito próximo pesou para que Camila Minakawa e Taciana Lima também se naturalizassem.

A mãe de Camila, Miriam, é judia e chegou a morar cinco anos em Israel. É lá que Camila vive desde março.

"No Brasil há muita concorrência e em Israel eu recebo dinheiro do governo, que me dá boa ajuda", disse a judoca, que chegou a ganhar medalha em Mundial júnior quando defendia o Brasil.

Taciana vai lutar por Guiné-Bissau por causa do pai.

Ele veio estudar no Brasil nos anos 80 e teve um relacionamento do qual nasceu Taciana. Os dois, no entanto, se falaram somente em 2007.

A judoca viu uma chance de disputar mais competições internacionais. Campeã africana (até 48 kg), ela lutou o Mundial de 2011 pelo Brasil.

A FIJ (Federação Internacional de Judô) impõe dois anos de afastamento para que um atleta se naturalize. Mas autoriza trocas instantâneas se houver consentimento da entidade nacional, como a CBJ teve nesses casos.

A situação contrasta com as do grego Victor Karabourniotis e do canadense Sérgio Pessoa. Sérgio, que se mudou com a família há quase dez anos, competiu nos Jogos de Londres com as cores vermelho e branco no quimono.

Victor, filho de pais gregos, entrou na seleção do país helênico em 2006. Nunca, porém, perdeu o contato com o Brasil. Até hoje vive em São Paulo e treina no Palmeiras.

"A Grécia me dá salário, tenho um patrocinador de lá e estou adaptado. Até falo grego. Só não sei o hino inteiro."

Para a CBJ, o assédio aos brasileiros é bem visto. "Mostra a força do judô brasileiro. Ocorria no vôlei e no futebol, e agora é conosco", disse o coordenador Ney Wilson.


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