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Prancheta do PVC

PAULO VINÍCIUS COELHO

O meia ponta

A polivalência tem mudado o futebol mundial. Neste caso, está mudando até a língua portuguesa

Meia atacante é uma posição que não existe. Nunca existiu! E confesso que me irritava, quando lia na Folha, no final dos anos 90, referências a essa função dos jogadores que no passado mais remoto recebiam a nomenclatura de ponta de lança. Era assim que se chamava o meia direita, ou meia esquerda, camisa 8 ou camisa 10, que se saía do meio de campo e se deslocava para o ataque, tabelava com o centroavante, fazia muitos gols.

Pelé, Zico, Dirceu Lopes, Leivinha. Esses caras não eram meias atacantes. Eram pontas de lança.

Meia atacante me parecia uma nomenclatura equivocada do ponto de vista da língua portuguesa. Não sei se o Pasquale concorda, mas me soava como "meio-dia e meio."

Meio-dia e meio o quê? Meio dia e meio minuto?

O correto é "meio-dia e meia." Meio dia e meia hora, ora bolas!

E meia atacante era o quê? Atacante pela metade? Nesse caso seria "meio atacante".

O Brasileirão do sistema 4-2-3-1 e o Cruzeiro líder disparado transformam um pouco mais a língua dos boleiros. Éverton Ribeiro é o melhor jogador do Brasileirão. Esqueça Seedorf, Juninho Pernambucano e Alex, porque os veteranos não conseguiram ainda fazer seus times brigarem pelo título contra o Cruzeiro que dispara.

Éverton Ribeiro faz.

E qual sua posição nesse moderno --e às vezes chato-- sistema da moda, o 4-2-3-1? Ele não é meia direita, nem meia esquerda, porque joga aberto pelos lados do campo. E também não é ponta direita, nem ponta esquerda.

No primeiro tempo contra o Atlético-PR, atuou pela esquerda, para permitir a William atacar pela direita. Mas não era ponta, porque quando recebia a bola não partia em direção ao ataque. Muitas vezes, fechava como meio-campista, como meia.

No sábado, o Cruzeiro venceu o Atlético-PR por 1 x 0 e o destaque foi o volante Nilton. Éverton Ribeiro teve atuação mediana, nota 6.

Nos anos 80, os técnicos tinham meio-campistas atuando pelas pontas. Imitavam os anos 50 e jogadores como Telê ou Zagallo, pontas que armavam --e até marcavam os adversários.

Por um tempo, chamou-se essa posição de falso ponta. Paulo Isidoro, número 7, era o falso ponta da seleção que se preparava para a Copa de 82 e fazia o personagem Zé da Galera, de Jô Soares, gritar todas as semanas: "Bota ponta, Telê!".

Éverton Ribeiro é o melhor jogador do campeonato, conduz o Cruzeiro, líder, em direção ao título depois de dez anos. Joga aberto pela direita, às vezes pela esquerda. Mas como os sistemas mudaram, não o chamamos de falso ponta, de ponta direita, nem de meia atacante.

Talvez ele seja um meia ponta.

A polivalência tem mudado o futebol mundial.

Neste caso, está mudando até a língua portuguesa. Com a licença do professor Pasquale.

SEM GRAÇA

O Corinthians jogou com três atacantes e pouquíssimos ataques. É o segundo pior ataque, o segundo time com menos finalizações no Brasileiro. Com Pato, Douglas e Romarinho, é um ataque que não recupera a bola na frente. Então, tem de ser criativo. Por enquanto, nem uma nem outra coisa.

SISTEMA MURICY

No primeiro jogo no São Paulo, Muricy jogou com Rodrigo Caio de líbero, três zagueiros. No segundo, Rodrigo Caio foi volante, sistema 4-2-3-1. Nos dois jogos, bons passes e bola no chão. Não foi "Muricybol", o jogo de bolas cruzadas na área. Mas... os gols contra o Vasco nasceram de escanteios.


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