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Ministro do Esporte e Felipão divergem sobre o calendário
FUTEBOL
Para Rebelo, falta equilíbrio; segundo técnico, 'não é tão desequilibrado assim'
Para o técnico da seleção, Luiz Felipe Scolari, o calendário do futebol brasileiro "não é tão desequilibrado como as pessoas imaginam".
Já para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o calendário do futebol brasileiro "precisa de mais equilíbrio".
As duas declarações foram dadas ontem, justamente enquanto se discutem mudanças nas datas das competições de futebol no Brasil.
Como antecipou a Folha na edição da última terça-feira, um grupo de 75 atletas lançou o movimento Bom Senso F.C. para tentar reduzir o número de partidas e aumentar o intervalo entre elas.
Felipão, que ontem convocou a seleção para os amistosos contra a Coreia do Sul e a Zâmbia, tomou cuidado de não se manifestar contra a sua empregadora --foi a CBF quem propôs o calendário que os atletas combatem.
Ao responder sobre a lesão do goleiro Júlio César, que atua na Inglaterra, Felipão entrou na discussão. O goleiro da seleção sofreu uma fratura durante um treino do Queens Park Rangers.
"O caso [do Júlio César] é para que todos os órgãos de comunicação saibam e avaliem que não é só o futebol brasileiro que tem problemas de lesão. O europeu nem começou e já tem milhares de lesões. O calendário não é tão diferente assim", disse.
Mas o técnico não se opôs diretamente ao Bom Senso. Ele, aliás, convocou quatro atletas signatários do manifesto --os goleiros Jefferson, Diego Cavalieri e Victor e o zagueiro Dedé.
No Rio, Felipão afirmou que "todas as partes devem sentar para conversar".
Já o ministro Aldo Rebelo, em evento em Brasília, foi mais incisivo sobre o assunto.
"Em alguns casos, o calendário exige de alguns clubes uma exposição acima da média mundial, 20 partidas a mais que um clube de ponta da Europa. E outros clubes nem sequer têm calendário para três meses", criticou.
Aldo e a cúpula da CBF já divergiram num passado recente por conta de calendário --o ministro já mostrou ser favorável a uma adaptação ao modelo europeu, algo que contraria o presidente da confederação, José Maria Marin.
"É preciso um esforço de todos para racionalizar esse calendário, oferecer alternativas para quem não tem calendário e encontrar um caminho para os clubes que são submetidos a uma multiplicidade de calendários, que compromete os atletas e a qualidade dos espetáculos", emendou o ministro.
O movimento foi lançado nesta semana por jogadores como Paulo André (Corinthians), Alex (Coritiba) e Rogério Ceni (São Paulo).
Na semana que vem, eles devem se reunir em São Paulo para definir as propostas que serão levadas a uma reunião com o comando da CBF.