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Fábio Seixas

Vaias

Culpa pela mesmice da F-1 nesta temporada não é de Vettel, mas do fiasco dos principais adversários

As vaias surgiram em festivais de teatro na Grécia antiga, tornaram-se sentença de morte nas arenas romanas, sobreviveram aos séculos e encontraram no esporte seu campo mais fértil.

Vaia-se tudo.

O juiz, antes mesmo de entrar em campo e sem que se tenha ideia do seu nome. O craque da equipe rival. O perna-de-pau do seu próprio time que erra uma jogada ou o astro que fecha contrato para defender outras cores na temporada seguinte. O político que discursa na abertura do evento. O bandeirinha, o técnico, o massagista, o vendedor de amendoim, o torcedor adversário, o locutor do estádio, o cachorro que invade o campo... Tudo.

Na F-1, duas sessões de vaias haviam marcado este colunista.

A primeira, em 1990, no retorno do GP Brasil a Interlagos. Era o auge da rixa Senna x Prost.

Quando o francês deixou os boxes da Ferrari para alinhar no grid, o som das arquibancadas conseguiu a proeza de abafar o ronco daqueles motores.

Normal. Previsível. Estranho seria se as vaias não surgissem --até porque, de quebra, Balestre circulava por lá.

Mas duas horas depois, com o francês no alto do pódio, vieram os aplausos. O reconhecimento por sua vitória, por sua superioridade naquele dia.

O "fair play", no fim, venceu.

A outra grande vaia aconteceu em Zeltweg-2002, após a mais infame marmelada ferrarista. Schumacher era o principal alvo. Novamente, dá para enxergar um fundo de esportividade no comportamento da torcida. Todos ali se sentiam enganados. Pagaram ingresso para acompanhar uma farsa, para ver um pódio que não condizia com a realidade da pista daquele domingo.

O "fair play" que faltou na Ferrari sobrou no público.

Há três semanas, porém, surgiu uma nova modalidade. Em Monza e Cingapura, Vettel foi vaiado no pódio.

Vaias ao vencedor? Sim. Mas não contra ele.

Vettel não fez nada de errado. É um piloto ainda com cara de garoto, simpático, sorridente e que registra na carreira de 114 GPs apenas um caso controverso: a desobediência à equipe na Malásia. Tem vencido suas provas e acumulado seus recordes de forma limpa, leal, honesta.

As vaias não são contra Vettel ou a Red Bull. As vaias são contra a mesmice que suas vitórias representam. São contra o atual estado das coisas na F-1.

A culpa está nas potenciais adversárias. A Ferrari, com sua gestão bate-cabeça e suas inexplicáveis estratégias de corrida. A McLaren, tão perdida que entregou os pontos já no começo da temporada. A Mercedes, com seu carro de dragster --bom só em velocidade final.

Essas, sim, deveriam ser vaiadas em 2013.

fseixasf1@gmail.com


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