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Minha história Fran Mérida
Da Fúria para o Furacão
Promessa do Barcelona e da seleção espanhola, o meia Fran Mérida, de 23 anos, acabou na reserva do Atlético-PR
RESUMO
Fran Mérida jogou dos oito aos 15 anos no Barcelona. Aos 16, assinou com o inglês Arsenal. Até os 20 anos, defendeu a seleção da Espanha, a Fúria. Depois, veio o declínio. Foi para Portugal e, em seguida, jogou na segunda divisão do seu país. Desde fevereiro no Atlético-PR, time conhecido como Furacão, o meia de 23 anos foi titular só uma vez. A vitória recente por 4 a 2 sobre o Flamengo começou com gol dele.
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MARCEL MERGUIZO DE SÃO PAULONasci em Barcelona e joguei no principal time da cidade dos oito aos 15 anos.
Morei três anos em La Masia [centro de treinamento das categorias de base da equipe catalã].
Alguns anos depois, passaram a me comparar com Cesc Fàbregas [meia que começou no Barcelona, foi vendido para o inglês Arsenal e depois voltou ao time espanhol, onde joga hoje ao lado de Messi e Neymar].
Nós dois vínhamos da mesma cidade, Barcelona, e fomos para o mesmo clube, o Arsenal. Foi daí que surgiram as comparações.
Mas quem falava nunca tinha me visto jogar. É impossível me equiparar ao Fàbregas. Ele é um espelho para mim. Já ganhou todos os títulos mundiais.
O tempo em que joguei na seleção espanhola também foi uma época bonita. Eu me lembro desse período em conversas com alguns colegas, principalmente o Jordi Alba [lateral da Espanha e do Barcelona], que eu conheço desde os oito anos.
Fico feliz por ele e outros continuarem na seleção. Nesse momento, essa é uma realidade distante de mim. Preciso encontrar o meu futebol.
Se eu pudesse escolher onde jogar? Infelizmente não escolho, não é escolha minha.
OUTRO CONTINENTE
Cheguei em fevereiro ao Brasil e me sinto totalmente adaptado à cidade de Curitiba. Disputei duas partidas pela Copa do Brasil e, como titular, joguei contra o Flamengo, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro.
Eu conhecia pouco o futebol brasileiro. Na Europa, não são exibidos os jogos daqui. Lá, falamos somente a respeito dos jogadores que já atuaram em times europeus.
Eu sabia que poucos espanhóis tinham jogado no Brasil Mas desconhecia o fato de que havia quase 50 anos um espanhol não marcava gol em torneios no Brasil [segundo a imprensa espanhola, foi José Ufarte, o Espanhol, pelo Flamengo, em 1964, ano em que voltou para a Espanha para jogar no Atlético de Madri].
Tenho contrato até dezembro com o Atlético-PR. No fim do ano, estou livre e veremos o que é melhor para mim.
TIKI-TAKA'
Joguei desse modo até os 20 anos ["tiki-taka" é estilo de jogo de passes curtos que consagrou o time do Barcelona]. Para mim, esse é o melhor futebol. Mas não é a única forma. Hoje, é preciso aprender a jogar sem bola e a trabalhar defensivamente.
Na Europa, há mais preocupação com o esquema tático. Além disso, o jogo europeu tem mais intensidade, por causa do gramado.
No Brasil, com a grama alta, a bola fica mais lenta.
No entanto, achei os campeonatos no Brasil muito difíceis. Na Europa, nós não sabemos como são competitivos os torneios disputados por aqui.