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Juca Kfouri

O Corinthians acertou

A situação delicada no Brasileirão só se agravaria caso Tite fosse embora; a coerência exige coragem

Perder o melhor técnico de sua história seria a pior solução para o Corinthians.

Afinal, Tite, por insistência da gestão anterior, deu uma volta por cima tão por cima que ganhou, em curtíssimo período, tudo o que poderia ter ganho: campeonato estadual, nacional, continental e mundial. Seria incoerente, e sinal de tibieza, demiti-lo.

Ainda com chance de seguir adiante na Copa do Brasil, Tite ir embora revelaria um Corinthians igual aos seus rivais, incapaz de manter o trabalho do treinador, mesmo que por vontade dele --ou da diretoria.

Em quaisquer das hipóteses, uma direção firme e competente teria mesmo que segurar o técnico, ou ao demovê-lo ou por convicção.

É claro que Tite cometeu erros, seja ao não se opor à vinda de Alexandre Pato, seja ao indicar Ibson, ou ao não planejar as reposições adequadas para Danilo e Emerson.

Mesmo Renato Augusto, célebre por sua fragilidade física, foi aposta de risco que deu errado.

Mas ele teria como se opor a Pato?

Sereno e transparente, mal ou bem, neste ano que termina tumultuado, sob seu comando o Corinthians ganhou o Paulistinha e derrotou seu atual maior rival na Recopa Sul-Americana.

É pouco? Sim, pode ser, para um campeão mundial. Mas quem, em São Paulo, conseguiu mais?

Tite não teve culpa pela morte em Oruro e comportou-se belissimamente no episódio.

Tite não teve culpa pela arbitragem bandida de Carlos Amarilla na eliminação da Libertadores e também soube se conter, quando qualquer extravagância seria compreensível.

E não há ninguém melhor que ele no mercado nacional para substituí-lo.

Acreditar no choque do técnico novo seria tão antigo como a bola e o melhor é ter Tite para enfrentar o Grêmio, na quarta-feira que vem, pela Copa do Brasil, ainda mais já sabendo que, caso passe, o time disputará o jogo decisivo da semifinal em casa.

Tite voltou ao Parque São Jorge no ano do centenário em que nada deu certo. Chegou ao fundo do poço no começo do ano seguinte ao enfrentar o Tolima e começou a subir, no mesmo ano, ao ser campeão brasileiro no dia mais tristemente alegre da história corintiana, pentacampeão brasileiro no domingo da morte do Doutor Sócrates, em dezembro.

Contaminado por essa força estranha chamada Corinthians, Tite chegou ao céu em julho de 2012, ao erguer a taça Libertadores, no Pacaembu.

Encontrar o paraíso no Japão, sob o impulso do "Vai, Corinthians", aconteceu com tal naturalidade que os corintianos acostumados com a velha ideia do sofrimento até estranharam, embora não tenha sido fácil.

Nada impede que Tite comande uma nova reação. Porque discursos, elogios e gratidão não bastam.

Só há uma maneira adequada para Tite sair do Corinthians: pela porta da frente, nos braços da Fiel.


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