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Paulo Vinícius Coelho

Bem-vindo ao inferno

É comum julgar que mudanças provocam reação na rodada seguinte; isso não se sustenta

O Brasileirão já degolou 19 treinadores e há mais mudanças para melhor do que para pior. Dez técnicos fizeram seu time subir na tabela, nove o estabilizaram ou pioraram. Há evoluções incontestáveis e outras risíveis. Guto Ferreira assumiu a Portuguesa na lanterna e está em 11º lugar. Gol dele! Luxemburgo assumiu o Fluminense em 17º e está em 15º. E daí?

É comum julgar que mudanças provocam reação na rodada seguinte. Normalmente isso não se sustenta. Das 15 trocas do Brasileirão do ano passado, 11 não fizeram o time sair do lugar. O Palmeiras trocou Felipão por Gílson Kleina e foi rebaixado.

Todos estes são conceitos elaborados sobre o fato mais comum do futebol brasileiro: trocar treinadores. É bem mais difícil elaborar teorias sobre a permanência. Não há bibliografia a respeito.

"Aconteça o que acontecer, você fica!" A frase do ex-presidente do Manchester United, Martin Edwards, foi tirada do capítulo "Bem-Vindo ao Inferno", do livro "Football Blood Hell", biografia NÃO AUTORIZADA do técnico escocês Alex Ferguson. Refere-se ao semestre em que o Manchester United levou 5 x 1 do Manchester City, foi eliminado da Copa da Liga pelo Tottenham e perdeu em casa para o Crystal Palace, na temporada 1989/90.

Ferguson estava no cargo havia três anos, o mesmo tempo de Tite no Corinthians. O Manchester não ganhava o título havia 23 anos.

Nem todos os técnicos tiveram estabilidade na Inglaterra. Nem todos foram tiro curto no Brasil. Telê Santana perdeu cinco partidas seguidas em março de 1992 --0 x 4 para o Palmeiras-- e sua queda era iminente. Três meses depois, foi campeão da Libertadores. E se caísse?

Tite cometeu pecados em 2013. O Corinthians jogou pouquíssimas partidas boas e isso também é culpa do técnico. Mas não só dele. Curioso futebol brasileiro onde se afirma serem superestimados os técnicos e impomos a eles toda a responsabilidade pela derrota.

"É difícil saber a hora exata de mudar." O presidente Mário Gobbi ouviu e concordou com essa frase horas depois da reunião que segurou Tite, quinta-feira. Sua ideia ainda é manter o técnico até o fim do contrato e oferecer a renovação.

Claro, sempre pode haver uma goleada do Grêmio na Copa do Brasil e o técnico pedir demissão antes. Mas o desejo da cúpula corintiana é que seja assim --e também pode ganhar a Copa do Brasil...

Em 1994, Telê emplacou seu quarto ano no São Paulo --último caso em clube grande. Ganhou Recopa e Conmebol. Só.

O que aconteceria no caso de haver o quarto ano de um técnico no mesmo cargo no Brasil hoje em dia? Ninguém sabe. Tite, o técnico que fez o Corinthians ganhar Libertadores, Mundial de Clubes e viver dois anos sem crise é mesmo um caso de estudo.


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