Folha de S.Paulo

Tostão

Questão de tempo

Na semana passada, disse a um repórter de Barcelona, entusiasmado com Neymar, que os espanhóis ainda não tinham visto o melhor: seus passes e gols espetaculares. É questão de tempo.

Durante um período, Neymar era excepcional no Santos, mas não brilhava na seleção. Dizíamos que ele não sabia enfrentar fortes defesas, compactas, com poucos espaços. Na Copa das Confederações, antes de estrear no Barcelona, Neymar resolveu o problema. Era questão de tempo. Os grandes craques encontram, naturalmente, as soluções.

Neymar passa hoje por outra dificuldade. Por ser o grande craque da seleção, dribla muito e tenta decidir as partidas, com fintas desde seu campo. Já no Barcelona, por não ser o maior protagonista, dribla menos. Deve ter sido orientado para driblar mais próximo da área. Neymar terá de decifrar esse enigma, o de jogar de um jeito pela seleção e de outro pelo Barcelona. É questão de tempo.

Ele tem chances de se tornar um dos grandes jogadores da história do futebol mundial. É questão de tempo.

Preciso também encontrar uma solução, a de viver desconectado, em quase todo o tempo, distante do computador, enquanto a maioria está conectada. Corro o risco de ser deletado. É questão de tempo.

O GOL DÓI

Muricy disse, após o jogo contra o Náutico, quando Ganso fez uma ótima partida e um belíssimo gol, que Ganso precisa entrar mais na área e que o gol dói para o jogador, que só pensa no passe.

Admiro Muricy, mas penso diferente. A grande dificuldade de Ganso é que todos cobram que ele seja um meia mais ofensivo e que faça mais gols. Seria ótimo, mas não é seu estilo. Ganso é um típico armador, como Xavi e Iniesta, que também fazem poucos gols. Se fizessem, sem perder suas qualidades, evidentemente seriam ainda melhores. Nada é perfeito.

Como o meio-campo, no Brasil, foi dividido entre os volantes que marcam e os meias ofensivos que atacam, jogadores como Ganso ficaram sem espaço.

Isso começa a mudar com volantes que marcam e avançam, como Paulinho, Hernanes e Ramires. Por isso, estão na seleção. A maior dificuldade de Ganso não é entrar na área, é ter mobilidade para jogar de uma intermediária à outra, como Xavi e Iniesta.

Se Ganso fosse formado no Barcelona, seria um dos grandes armadores do futebol mundial.

A COPA ESTÁ PRÓXIMA

Brasil, Espanha e Alemanha estão preocupados com o centroavante. Fred é irregular e está sempre contundido. Jô é um bom reserva. Negredo ganhou pontos, mas não é o centroavante que a Espanha sonha. A Alemanha não sabe se coloca um de seus excelentes meias --há muitos-- mais à frente, como faz a Espanha, com frequência, com Fábregas. A carência é tão grande que Brasil e Espanha lutam por Diego Costa, apenas um bom atacante. Se fosse por Ibrahimovic, valeria uma guerra.