Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fábio Seixas

O trauma

Em sua despedida da Ferrari, Massa enfim deixa claro o motivo da queda de rendimento

Você está dirigindo de cara pro vento, e uma peça de metal do carro da frente de repente rompe seu capacete. Uma mola. Você apaga. Perde os sentidos a 280 km/h, num dos trechos mais rápidos da pista. Bate de frente.

É levado de helicóptero para um hospital, em estado grave. Com um corte de 8 cm no rosto, passa por cirurgia para retirada de fragmentos ósseos que ameaçam seu cérebro. É colocado em coma induzido na UTI, com lesão cerebral.

Oito dias no hospital, longe de casa. Oito GPs de molho. Oito meses sem fazer o que mais gosta: disputar uma corrida.

Para Massa, o "faster than you" foi mais traumático.

Ontem, em Interlagos, questionado sobre seu pior momento na Ferrari, ele até mencionou o acidente mais grave de sua carreira, no GP da Hungria de 2009. Mas fez questão de responder destacando uma corrida do ano seguinte: o GP da Alemanha de 2010.

Pela primeira vez desde a batida, ele rumava para uma vitória. Estava forte na primeira posição. Apagaria de vez as dúvidas sobre sua condição mental, sobre as sequelas do acidente, sobre sua forma física. Tiraria dos ombros um peso enorme.

"Fernando é mais rápido do que você", disse o rádio, a voz da escuderia que ele tinha como família. E ele abriu espaço, cedeu a vitória. Murchou como piloto a partir de então.

Foi pior que a mola na cabeça.

Isso encerra um mistério, uma indagação recorrente daqueles que acompanham o esporte.

E é emblemático que Massa o tenha dito em casa e na sua despedida pela escuderia italiana.

Teve um quê de crítica à equipe, claro, mas vários quês de virada de página.

Ele já se vê como piloto da Williams. Está relaxado, feliz com a opção.

Sabe que a mudança de ares pode até não render ótimos resultados na pista. Mas tem consciência de que terá liberdade para trabalhar. "Um recomeço", definiu ontem, rosto tranquilo, relaxando após o almoço no escritório da equipe.

Recomeço com o bônus de anos de experiência numa equipe de ponta.

Isso deve curar qualquer trauma.

O calendário de 2014 deve sofrer modificações, e Abu Dhabi provavelmente tomará o lugar de Interlagos no encerramento da temporada.

O que não é ruim, em tempos de Vettel conquistando campeonatos com antecedência. Aumentam as chances de o público brasileiro ver uma definição de título.

E, apesar das pressões do fundo CVC, dono do negócio, o campeonato não deve ter mais de 20 etapas. Cidade do México e Nova Jersey devem mesmo dançar. Coreia do Sul corre risco. E a Índia já rodou. Os mecânicos agradecem.

fseixasf1@gmail.com


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página