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Fábio Seixas

Gritaria demais

Mudança no Mundial de 2014 não vai fazer do campeonato um mata-mata decisivo

Mudar é difícil. Significa sair da zona de conforto, desbravar território desconhecido. Implica talvez errar. Mas, como diz meu avô de 98 anos, também carrega o enorme risco de acertar.

Incomodada com os quatro títulos seguidos de Vettel, dois deles conquistados com provas de antecedência, a FIA criou uma espécie de finalíssima. A última prova do ano terá peso dois. A vitória valerá 50 pontos, o segundo lugar dará 36 pontos e daí por diante.

É movimento parecido com o de 2003 quando, no auge da era Schumacher, os cartolas mudaram o sistema de pontuação para tentar dar mais graça ao campeonato, para ao menos adiar um pouco as conquistas seguintes do alemão. Em 2002, o alemão selou o título mais antecipado da história, na 11ª das 17 etapas, apenas 64,7% do campeonato percorrido.

Daquela vez não houve grita, tampouco muito resultado prático: Schumacher foi hexa em 2003, na última prova, e hepta em 2004, com 77,8% da temporada disputada.

O tom da gritaria, agora, está elevado. E as críticas normalmente redundam numa mesma pergunta: por que Abu Dhabi tem de ter peso dois?

Vettel classificou a novidade de "absurda" e fez uma comparação com o futebol: "Imagine se a última rodada do Campeonato Alemão de repente passasse a valer o dobro".

Sobre a primeira pergunta, um detalhe que faz toda a diferença. Não há nenhuma deferência aos árabes. Não é Abu Dhabi que vale o dobro. É a última etapa. Por aqui, muita gente aplaudiria se Interlagos fechasse o próximo Mundial, por exemplo. Não haveria mimimi.

Já a provocação de Vettel leva a um debate conceitual, já explorado à exaustão nas colunas dos meus colegas boleiros. Pontos corridos ou uma finalíssima para decidir o campeão?

Não tenho dúvidas de que o primeiro formato é o mais justo, é aquele que premia o melhor ao longo de uma longa jornada. É assim que a F-1 se portou até agora. Mas também estou certo de que a segunda solução é, normalmente, a mais emocionante.

Justiça ou emoção? Está aí o debate conceitual. De preferência as duas coisas. É uma equação complicada e, não, não tenho a fórmula mágica.

Só acho que é muita gritaria por pouco. Porque Abu Dhabi não será uma final, no sentindo futebolístico da coisa. Os pontos conquistados até então não serão descartados em nome de um mata-mata determinante.

Abu Dhabi será apenas um "gran finale", uma corrida mais especial, mais festiva, mais decisiva.

(E sabemos, você e eu, que há grandes chances de isso não acontecer, de Vettel repetir Schumacher e arrasar novamente todos os adversários. Inclusive a mudança de regulamento.)

fseixasf1@gmail.com


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