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Paulo Vinícius Coelho

Quanto vale o show?

Manter um craque no Brasil exige criar receita para remunerá-lo; ou ele vai para a Europa

Na meia esquerda, atacando para o gol do portão principal do Pacaembu, Edmundo driblou o zagueiro, deu um toque para ajeitar a bola e mandou um canhão no ângulo esquerdo do goleiro Ênio, da Portuguesa. O golaço abriu a goleada por 4 x 0 do Palmeiras sobre a Lusa, 21 anos atrás.

Meia hora depois, Edmundo partiu com a bola e não deu o passe a Evair. O centroavante deu uma bronca pública, Edmundo abriu os braços e o Pacaembu inteiro viu a rota de colisão entre os dois maiores ídolos do time que tiraria o Palmeiras da fila.

Até hoje, Edmundo e Evair negam, mas o noticiário dizia que Evair ganhava salário só do Palmeiras, e bem inferior ao que a Parmalat pagava a Edmundo.

O diretor que aparava arestas naquela época pode receber problemas do mesmo tipo neste ano: José Carlos Brunoro.

O Palmeiras 2014 foi bem ao pobre mercado de jogadores e deu tacadas que podem tornar o time mais forte. A diretoria também ganhou a briga improvável para diminuir o salário de Gilson Kleina e parece receber boas respostas com a política de diminuição dos salários e aumentos dos prêmios por resultados.

Kleina demorou a se convencer com a chegada de Lúcio, mas julga ter um zagueiro motivado depois de ser desprezado no São Paulo. Para receber salário tão alto quanto tinha no Morumbi, Lúcio terá de correr e ganhar títulos. Valdivia, não.

Até agora não se mexeu no maior vespeiro palmeirense. Lúcio, Bruno César, Diogo, França e quem mais chegar terá de levantar taças para aumentar a arrecadação. Administrar o ímpeto destes em contraste com Valdivia entrando e saindo do departamento médico parece tão fácil quanto foi aparar a briga Edmundo x Evair em 1993.

Daquela vez, Brunoro resolveu bem a questão, e o Palmeiras foi campeão depois de 17 anos.

O problema provável --e administrável-- escancara a discussão dos salários dos jogadores brasileiros, alimentada por uma declaração do presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, nesta semana. "Hoje os atletas voltam da Europa para ganhar mais no Brasil."

Vários clubes exorbitaram nos salários depois de ampliarem suas cotas de televisão. Há times que gastam mais do que arrecadam. Não é o caso do São Paulo e do Corinthians, mas é o do Cruzeiro, campeão brasileiro.

Um jogador vale quanto o mercado paga. Manter um craque no Brasil exige criar receita para remunerá-lo --ou ele vai para a Europa. O Palmeiras pode inovar e mudar o teto salarial no país. Mas só será referência se ficar forte, ganhar títulos e conseguir manter a equipe sólida quando o assédio chegar.

Para tudo isso funcionar, só com uma dose cavalar de paciência para aglutinar os que ganham por bônus, como Lúcio, e os que enchem os bolsos mesmo sem jogar, como Valdivia.


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