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'Não quero que a minha filha passe por isso nem em pesadelo'

RACISMO
Após episódio, volante lembra outros jogadores brasileiros negros, como Pelé e Romário

DIEGO IWATA LIMA DE SÃO PAULO

Arouca, jogador do Santos, diz que é capaz suportar as ofensas raciais de que foi vítima na última quinta, em Mogi Mirim. Mas sonha com um mundo em que sua filha de 3 anos não seja ofendida devido à cor da pele.

O volante de 27 anos foi chamado de macaco por torcedores do Mogi, após a goleada por 5 a 2 do Santos sobre a equipe local.

Autor do quarto gol da vitória, o jogador já havia sido hostilizado durante todo o jogo no estádio da cidade do interior paulista. As ofensas ecoavam pelo estádio sempre que pegava na bola.

Na quinta, o jogador ficou consternado enquanto era xingado após a partida. Não esboçou reação. Ontem, porém, decidiu falar.

"As pessoas tem de ser punidas com rigor", pede Arouca. "Não quero isso aí para a minha filha, de 3 anos, no futuro. Não quero que ela tenha de passar por isso nem em pesadelo", afirma.

O jogador também se lembrou dos pais. "Tenho força para superar isso aí, mas não sei se suportaria se visse meus pais, que são negros, passando por algo assim."

Além do xingamento, Arouca ouviu de alguns torcedores do Mogi que deveria tentar vaga em alguma seleção africana, e não na brasileira, como pediam os santistas que estiveram no estádio.

"Como se algumas das páginas mais bonitas da história da nossa seleção não tivessem sido escritas por jogadores como Leônidas, Romário e pelo Rei Pelé, também negros", diz Arouca.

O jogador criticou também a escassez de punições no Brasil para casos de racismo.

"A impunidade e a conivência das autoridades com as pessoas que fazem esse tipo de coisa [gestos racistas]são tão graves quanto os próprios atos em si", escreveu o jogador (veja quadro acima com algumas das poucas punições no futebol brasileiro).

"Isso [a agressão] só mostra que o ser humano ainda tem muito a evoluir e a crescer", afirma um dos trechos da nota assinada pelo jogador do Santos.

Em vídeo divulgado ontem no canal oficial do clube alvinegro no Youtube (youtube.com/santostv), ele aparece como protagonista de uma campanha antirracismo.

Os presidentes do Santos, Odílio Rodrigues, e do Mogi Mirim, Rivaldo, também divulgaram notas de repúdio aos atos racistas dos torcedores. "Somos todos iguais", escreveu Rivaldo, que também é jogador do Mogi Mirim.


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