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Paulo Vinícius Coelho
Respeitável público
O circo costumava se anunciar nas cidades nas manhãs dos espetáculos. O futebol precisa trabalhar!
Bonsucesso e Flamengo jogaram em Volta Redonda na quarta-feira diante de 375 pagantes. Não foi o único fiasco da semana. Sábado de Carnaval, em Moça Bonita, o Botafogo perdeu do Macaé e só 702 torcedores assistiram.
Socorro!
Falar de declínio de público no Brasil sempre merece o cuidado de lembrar que já houve momentos críticos. Em 1995, o Flamengo recebeu o Sport em São Januário para 627 pessoas. Faltavam quatro partidas para terminar sua campanha ridícula no Brasileirão.
Diferente, o Palmeiras foi campeão brasileiro em 1973 e recebeu 871 testemunhas na vitória sobre o Olaria. No Brasil, sempre se fala das razões para não ir ao estádio. Nunca dos motivos para ir.
Havia diversas razões para não ver Bonsucesso x Flamengo. O problema é perceber que os públicos abaixo de mil pagantes se repetem. Não é uma exclusividade dos Estaduais, mas acontece mais no primeiro semestre.
Corinthians x São Paulo devem levar ao Pacaembu uns... 20 mil --com sorte! O último clássico no estádio municipal pelo Campeonato Paulista recebeu 26 mil abnegados.
A situação em São Paulo é um pouco melhor do que no Rio, afinal... O Campeonato Carioca tem média de 2.310 torcedores. O Paulista recebe 4.718. O Mineiro, 3.359.
Ridículos!
Estamos na era em que o futebol discute a taxa de ocupação dos estádios. Vinte mil podem ser bom público num palco de 20 mil lugares. O Atlético tem casa cheia no Independência na Libertadores com 18 mil ingressos vendidos.
"É preciso haver criatividade dos clubes", diz o próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.
Mais ou menos.
O ideal seria trabalho conjunto entre o dono do campeonato --a CBF, enquanto não existe uma liga-- e os donos dos jogos --os times.
O modelo dos campeonatos do primeiro semestre está esgotado. Também não é só isso. Está falida a maneira como os clubes tentam seduzir seus torcedores.
Em 1995, o Flamengo levou só 627 torcedores cobrando o equivalente a R$ 25. Na Quarta de Cinzas, cobrou R$ 31. O preço não é o único fator.
O país do futebol vai receber a Copa do Mundo com média de 50 mil por partida e lamentar os estádios vazios uma semana depois, como aconteceu no dia seguinte à final da Copa das Confederações.
O circo costumava se anunciar nas cidades nas manhãs dos espetáculos. O futebol precisa trabalhar!
AS SELEÇÕES
O Brasil não ganhou de ninguém, mas jogou direito. Cresceu durante o jogo contra a África do Sul, de quem a Espanha perdeu em novembro. A Alemanha começou bem e levou susto do Chile no final. A Holanda encerrou a série invicta mais longa das seleções que vêm à Copa. A Argentina não foi bem contra a Romênia. Depois de um ano e meio, Felipão colocou o Brasil entre os melhores. Se vai ganhar o título, é impossível dizer.