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Racismo é responsabilidade dos cartolas, diz historiador

FUTEBOL Joel Rufino dos Santos critica falta de punição aos agressores

ELIANO JORGE DE SÃO PAULO

Na quarta passada, o árbitro Márcio Chagas da Silva foi alvo de ataques racistas de torcedores do Esportivo, em Bento Gonçalves, em partida do Campeonato Gaúcho.

No dia seguinte, torcedores do Mogi Mirim, em sua cidade, fizeram ofensas semelhantes ao volante Arouca, do Santos, em jogo do Paulista.

Menos de um mês antes, em 12 de fevereiro, Tinga, do Cruzeiro, havia sido a vítima, no Peru, diante do Real Garcilaso, em jogo válido pela Libertadores.

"Essas demonstrações estão aumentando numa progressão geométrica. A gente via isso uma vez ou outra, raramente", disse à Folha o historiador Joel Rufino dos Santos, autor de livros sobre futebol, cultura africana e racismo no Brasil.

Confessadamente surpreso com os três casos recentes, ele não hesita em culpar a omissão dos dirigentes.

"Para mim, a responsabilidade é dos cartolas. Eles dizem que lamentam, mas não punem. A única maneira de acabar com isso é eles se mancaram, saírem da posição demagógica de só falar, e punirem", opinou.

Mas Rufino não exime os próprios atletas. Acha que eles não podem se resignar com o papel de oprimido.

"Os jogadores precisam reagir. O time tem que sair de campo, e a lei deve ficar do lado deles. Precisam tomar uma atitude", afirmou, se referindo à reação a ser adotada diante de manifestações discriminatórias.

Ele apoia que se dê visibilidade aos episódios de racismo, porém não considera que isso seja suficiente.

"É bom [veículos de comunicação] noticiarem, chamarem a atenção para isso, mas não é nada mais do que seu dever. E isso não adianta", avaliou o escritor.

Na sua opinião, esses casos servem para escancarar um problema que vem sendo disfarçado aqui.

"Pensar que o racismo não existe no Brasil é conversa para boi dormir. O brasileiro tem vergonha de se demonstrar racista, mas está perdendo essa vergonha. O Brasil é tão racista quanto qualquer outro país", disse.

Para ele, a discriminação nos estádios é apenas mais um exemplo do que ocorre na sociedade inteira. "O racismo existe no Brasil, embora a gente goste de acreditar que não. Está em toda parte e em todos os momentos."


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