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Opinião

Gol de placa do santista Arouca foi a crítica à conivência

NAIEF HADDAD EDITOR DE "ESPORTE"

Na última rodada do Campeonato Paulista, nenhum gol se igualou em beleza ao feito pelo volante Arouca num voleio de pé direito.

Foi o quarto gol do 5 a 2 que o Santos impôs ao Mogi Mirim na casa do adversário, no interior de São Paulo.

Mas não foi a contribuição mais valiosa dele ao futebol nesse 2014 de Copa no Brasil, ano em que o esporte ganha status de protagonista no país, como ocorreu em 1950.

Pois bem, durante o jogo e logo em seguida, como se sabe, torcedores do Mogi ofenderam Arouca, chamando-o, aos gritos, de macaco.

No dia seguinte, ele divulgou um texto sobre o racismo. Foi seu gesto de nobreza diante da selvageria, como o jogador habilidoso que sofre com os pontapés dos brucutus sem perder a altivez.

"A impunidade e a conivência das autoridades com as pessoas que fazem esse tipo de coisa são tão graves quanto os próprios atos em si", escreveu Arouca (veja a íntegra em folha.com/no1421952).

Sobre a impunidade, o historiador Joel Rufino dos Santos comenta com a propriedade habitual no texto acima.

Embora seja tão grave quanto a escassez de punições, a conivência de que fala Arouca é menos debatida, talvez porque soe natural numa sociedade sem limites para concessões e conchavos.

QUEM QUER BANANA?

A força da CBF depende dos presidentes das federações estaduais, que não chegam ao poder sem a mão amiga da cúpula dos grandes clubes, que, muitas vezes, se aliam às gangues de torcedores, essa gente que resolve as desavenças na porrada e trata os jogadores rivais negros como chimpanzés.

O que explica o silêncio de José Maria Marin, da CBF, sobre o episódio?

Ok, sejamos justos, a Federação Paulista decidiu interditar o estádio do Mogi Mirim.

Ganha uma banana, porém, quem realmente acredita que a investigação será minuciosa, e os torcedores, afastados dos estádios.

A Justiça do futebol tampouco está imune a essa rede de complacência. Mais de uma vez, este jornal expôs as ligações questionáveis entre o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a CBF e os principais clubes do país.

Penso nos três macacos do folclore japonês: o primeiro tapa os ouvidos, o outro cobre os olhos, e o terceiro esconde a boca com as mãos.

Será que, na Copa, a Fifa fará assim se um torcedor imitar um gorila diante dos jogadores africanos?


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