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Vítima em 2004, Roque Jr. diz que hoje sairia de campo

(GUILHERME SETO) DE SÃO PAULO

Poucas pessoas são capazes de entender o sofrimento vivido pelos volantes Tinga, do Cruzeiro, e Arouca, do Santos, como Roque Júnior.

Aos 37, ele é hoje diretor de futebol do Paraná Clube. Há dez anos, em 2004, quando formava a dupla de zaga do Bayer Leverkusen com Juan, companheiro de seleção, ele ouviu torcedores do Real Madrid imitarem macacos quando eles tocavam na bola.

"Você fica sem reação", diz, em entrevista um dia após o empate por 1 a 1 do Paraná com o São Bernardo, na última quinta, antes, portanto, do anúncio das punições. A frase impressiona pela disposição que Roque mostra em combater publicamente o racismo. Uma luta assumida por gerações de sua família.

"Meu avô chegou muito novo a Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, onde nasci. Lá, ele se deparou com uma cidade em que os brancos andavam dentro da praça e os negros, fora, e lutou contra isso. Ele passou essa consciência para a família", conta.

Para Roque, o racismo no futebol é expressão do que acontece em seu entorno.

"O futebol só expõe mais o que acontece no cotidiano, é uma janela do que acontece na sociedade. A nossa cultura tem um racismo muito forte: desde a escravidão, passando pela falta de oportunidades, pelo modo como se formam as periferias...", analisa.

Sobre a discriminação pela qual passou, ele diz que hoje reagiria de outra maneira.

"Na época não tomamos providências. Hoje, acho que sairia de campo, como o Boateng [em 2013, Kevin-Prince Boateng abandonou o campo após ouvir insultos racistas em jogo entre Milan e Pro Patria], porque assim você coloca os eventos em evidência, para que haja punição", diz Roque, que mantém as tranças dos tempos de jogador.

Elas parecem reforçar seu discurso de valorização da cultura negra.

"A autoafirmação é algo a ser aprendido e ensinado, que o negro é bonito, que nosso cabelo é bonito, diferentemente do que muita gente pensa."

Para ele, o fim do racismo no futebol deve passar por soluções que estão além da punição aos clubes.

"No Brasil, é difícil de se atacar o preconceito, porque ele é velado - a pessoa diz que não tem, mas nos atos ela mostra que tem, sim. O modo de se combater isso é educar e informar as pessoas".

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1430248


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