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Tostão

Faltaram os estrategistas

Quem define o estilo de um time são as características dos jogadores, não o treinador

Apesar do baixinho Mascherano de zagueiro, o Barcelona continua forte, para decepção dos que só viam, antes do jogo, virtudes no Real Madrid e problemas no Barcelona. A troca de passes do time catalão não é deficiência. É virtude.

Se o Barcelona tivesse um grande estrategista, dificultaria as jogadas de Di María, com o apoio de Marcelo. Do outro lado, um estrategista no Real Madrid não deixaria o Barcelona trocar tantos passes pelo centro nem daria espaço para Messi receber a bola livre na intermediária.

Quando o técnico Tata Martino descobrir a maneira de adicionar ao estilo do Barcelona o de Neymar, sem um estilo atrapalhar o outro, o time vai voar no ataque. Os dois passes excepcionais de Messi para Neymar, livre, nas costas dos zagueiros, foi uma amostra.

Outro dilema do técnico é escalar os quatro armadores (Xavi, Busquets, Fàbregas e Iniesta), o que faz com que Iniesta atue pela esquerda, como prefere. Isso prejudica Neymar, que atua melhor da esquerda, e não da direita para o centro.

Faltaram os estrategistas, como Mourinho. Por outro lado, eles poderiam atrapalhar a beleza do grande clássico. O jogo pode ser visto de várias maneiras.

NEFASTA DITADURA

Ao mesmo tempo em que tenho orgulho de ter sido campeão por um dos maiores times da história, sinto-me, às vezes, incomodado, quando escuto que a seleção de 1970 foi o ópio do povo e que foi usada pela ditadura. Todos os governos, de todo o mundo, ditaduras e democracias, como a atual do Brasil, fazem o mesmo, ainda mais em uma Copa no próprio país.

Muitos jovens imaginam que, na concentração da seleção, havia um ambiente de terror, com cartilhas sobre o que os jogadores poderiam falar ou fazer. João Saldanha, homem corajoso, independente, não permitiria. Saldanha foi o técnico, desde as eliminatórias de 1969 até meses antes da Copa. O reacionário Zagallo entrou, mas não mudaram as regras.

Para ganhar a Copa do Mundo, o que era importante para o governo da época, como será para o atual em 2014, houve um longo e excepcional planejamento. Os atletas viveram o Mundial com intensidade. Eles e a população desconheciam também as atrocidades que ocorriam no país. Isso tem sido revelado com o tempo. Eu me informava com meus irmãos mais velhos, politizados e, como eu, contrários à ditadura.

Na época, em uma longa entrevista ao "O Pasquim", jornal de resistência intelectual à ditadura, critiquei a falta de liberdade de expressão no país e elogiei dom Hélder Câmara, censurado pela ditadura. Dias depois, um desconhecido me disse para ter cuidado com o que falava. Não sei se era um conselho ou uma advertência.

Havia uma paranoia coletiva, um medo de ser denunciado como subversivo e de ser preso. Em 1975, Henfil criou o personagem "Ubaldo, o paranoico".


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