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Acusações marcam velório de operário

COPA Colegas de trabalho do jovem morto anteontem, no Itaquerão, criticam condições de trabalho no estádio

EDUARDO OHATA DE SÃO PAULO

Colegas do operário Fabio Hamilton da Cruz, 23, que morreu anteontem após sofrer uma queda enquanto montava as arquibancadas provisórias do Itaquerão --estádio de São Paulo na Copa--, fizeram ontem, no velório, acusações sobre falta de segurança no trabalho.

William Barbosa, que alegou estar ao lado de Cruz no momento do acidente, disse que também quase morreu no estádio da abertura do Mundial, em 12 de junho.

"Ele [Cruz] não estava seguro pelos cabos de aço na hora do acidente. A [superfície] de madeira não estava presa, se movimentou e ele perdeu o equilíbrio", relatou.

"Eu estava preso por um gancho apenas, quanto o normal é estar preso com dois. Mas pulei para o outro lado quando a madeira se mexeu. Aliás, um pouco antes do acidente, outro pedaço de madeira tinha caído sozinho..."

Além de Barbosa, pelo menos outros quatro colegas de Cruz estiveram no velório.

"Ele foi contratado como ajudante, não montador. Nem passou por um treinamento. Ele não tinha experiência para estar naquela altura", afirmou David Silva. "Nem o encarregado e nem o técnico de segurança estavam lá encima para ver se estava tudo certinho", finalizou ele.

Sara Batista Dias, meia-irmã de Cruz, denunciou carga horária excessiva cumprida pelo operário. "Ele trabalhava de segunda a sábado, 12 horas por dias, mas tinha dia que chegava a 13 horas e meia", calcula Dias. "Esta semana iria começar um novo esquema de segunda a segunda."

Familiares de Cruz apontavam que o operário ouviu de superiores que quem trabalhasse todos os dias da semana a partir de hoje receberia um salário de R$ 3 mil, quase o triplo do pagamento normal, incluindo horas extras.

Após ouvir declarações preliminares com trabalhadores da obra, autoridades policiais consideram a hipótese de que houve negligência do próprio operário. Um excesso de confiança teria feito com que não utilizasse a aparelhagem de segurança.

OUTRO LADO

Via assessoria de imprensa, a Fast Engenharia, responsável pela instalação das arquibancadas provisórias, não quis comentar as acusações feitas pelos operários. Pediu que a reportagem contatasse a WDS Construções, empresa terceirizada da qual Cruz era contratado.

Representantes da WDS não foram encontrados.

A instalação das arquibancadas provisórias --20 mil dos 68 mil lugares-- foi garantida pelo governo de São Paulo em parceria com a Ambev.


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