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Paulo Vinícius Coelho

A seca

Cada fracasso dos times brasileiros na Libertadores reforça a ideia de que alguma coisa está fora da ordem

A maior revelação do Campeonato Paulista foi Geuvânio, do Santos, já eleito pela federação. O prêmio é seu, mesmo que não brilhe na decisão de hoje, contra o Ituano. Gabriel também é uma boa novidade. Tirando os jovens santistas, o Paulistão vai espalhar jogadores médios por clubes da Série A.

O meia Bady, do São Bernardo, vai para o Atlético-PR, o volante Hudson está no São Paulo, e o meia Petros, no Corinthians, junto com o lateral Ferrugem, ex-Ponte Preta.

Nos últimos anos, Hernane saiu do Mogi Mirim, Paulinho do XV de Piracicaba, e ambos foram para o Flamengo. Quatro anos atrás, o Corinthians descobriu Paulinho no Bragantino --o volante está no Tottenham.

Os estaduais são longos e ninguém tem dado muita bola para eles. Mas revelam.

O Atlético-MG escalou os bons Marion e Carlos no Campeonato Mineiro. O Grêmio lamenta o desfalque do atacante Luan na final do Gauchão. Recém-descoberto, Luan é um dos destaques da equipe.

A lista das revelações tem mais jogadores médios do que craques. Já foi diferente. Em 1992, o estadual de São Paulo revelou Rivaldo e Edílson --e também Leto, Admílson...

A safra não é das melhores: "Mesmo se só um vingar num clube grande, isso será bom resultado", diz o gerente de futebol do Santos, Zinho. Ele não está entre os que julgam que o Brasil parou de produzir jogadores.

Cada fracasso dos times brasileiros na Libertadores reforça a ideia de que alguma coisa está fora da ordem. Está. Só não é inédito o Brasil perder 50% de seus participantes nesta fase. Em 2002, São Caetano e Grêmio avançaram, o Flamengo foi lanterna na chave de Universidad Católica, Once Caldas e Olímpia, o Atlético-PR ficou em último contra Bolívar, Olmedo e América de Cali. Dois meses depois, a seleção foi campeã do mundo. O futebol brasileiro varia da depressão à euforia no intervalo de uma semana. Melhor é a reflexão serena.

Com 50% dos participantes nos mata-matas da Libertadores, digamos que a seca ainda não é do tamanho do Complexo Cantareira, que atingiu 12,5% de sua capacidade. Mas o nível desce num ritmo assustador.

"Atrapalha muito voltar de férias sete dias antes de começar a jogar", diz Zinho. Como Rogério Ceni afirmou mês passado, não é possível cobrar partidas de alto nível jogando todas as quartas e todos os domingos durante 90 dias seguidos.

É possível que o futebol pobre seja causado também pela falta de treinos, mais do que pela ausência de talento. Os estaduais terminam hoje e o resumo não anima. Tem de mudar. Há gente mais ansiosa para ver o próximo jogo do Atlético de Madri do que para saber quem será campeão no Rio, SP, Minas ou Rio Grande do Sul.


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