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Cabra macho

Hernanes diz que não é de desistir e que vai se inspirar em sua história de superação para ser titular na Copa

RAFAEL VALENTE DE SÃO PAULO

Hernanes admite que será difícil arrumar uma vaga entre os titulares da seleção na Copa do Mundo. Mas superar dificuldades faz parte da história do meia, que completou 29 anos nesta quinta (29).

Durante sua primeira entrevista em Teresópolis, onde a seleção se prepara para o Mundial, ele usou a própria carreira para dizer que sua característica é não desistir.

"Meu perfil não foge muito do perfil de todo pernambucano. Sou cabra macho, arretado, não desisto nunca. Assim como os brasileiros em geral. A determinação é nossa maior força. Temos de driblar os problemas da vida", disse o meio-campista.

Hernanes não teve uma infância pobre, como é comum para muitos jogadores no Brasil. Nasceu no Recife (PE) e morou no bairro da Estância, na zona norte da cidade. Cursou ensino básico e fundamental em escola particular.

Os pais, João Cosme de Lima e Maria Tereza de Carvalho, afirmaram à Folha que o garoto sempre teve como paixão o futebol. E que foi justamente o esporte que o ensinou a superar obstáculos.

No início, costumava bater bola com os irmãos, Alyson, um ano mais velho, e Aérson, que é três anos mais novo.

"Ele nunca disse que queria ser jogador, mas dormia com uma bola. Saía de casa cedo para jogar. E até jogava sozinho quando os amigos faltavam", disse Lima.

A primeira oportunidade surgiu em um time juvenil de futsal do Santa Cruz. Jogou por dois anos até passar para o Unibol, onde fez parte de um time de campo forte. Foi bicampeão de um torneio juvenil e chegou a imaginar que o sonho estava se realizando.

Aí teve a primeira decepção. A equipe era mantida por um grupo de empresários e, em dois anos, deixou de existir. Hernanes ficou órfão de clube. Voltou a jogar sozinho ou com os irmãos. Segundo o pai, jamais lamentou ou quis desistir.

Teve nova chance quando cinco colegas do Unibol vieram para São Paulo para tentar a sorte. Hernanes também viajou. Mas seu sonho foi frustrado novamente: foi rejeitado por Juventus, Santos e Corinthians.

Longe dos pais, Hernanes não cogitou regressar, mas no fim decidiu tentar mais uma vez. Foi até Cotia e se apresentou ao São Paulo junto com os amigos do Unibol. Todos foram avaliados e só Hernanes permaneceu.

Com a seleção, a história foi parecida. Hernanes teve poucas oportunidades com Dunga, e na era Mano Menezes começou com o pé esquerdo. Foi expulso após jogada violenta em amistoso contra a França, em 2011.

Só voltou a ser convocado em 2013, já com Luiz Felipe Scolari.

Acabou chamado para a Copa das Confederações de 2013. Participou dos cinco jogos e foi importante na conquista. Agora escalado para a Copa, ele disse que não será coadjuvante.

"Quando ele fala, eu acredito. Nunca vi alguém tão determinado", disse Maria Tereza.

Os pais de Hernanes até revelaram uma curiosidade sobre o filho: ele não costuma chorar. No futebol, a única exceção foi quando deixou a Lazio para jogar na Inter de Milão, seu clube atual. Mas o pai aposta que, se o Brasil for campeão do mundo, o filho não resistirá à emoção.

"Acho que será a consagração definitiva", diz Lima.


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