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Anti clímax

Estrangeiros que vieram a São Paulo para a Copa constatam desânimo paulistano e sofrem para conseguir se comunicar

LÍGIA MESQUITA DE SÃO PAULO

Sentadas em uma mesa do bar Migalhas, na rua Avanhandava, na Bela Vista, duas irmãs, metade italianas metade sul-africanas, tomavam caipirinhas e degustavam uma porção de frango a passarinho. "Isso não é pombo, não, né?", perguntou a mais nova, Vivian Casaletti, 41, para a repórter.

Como não havia um cardápio em inglês, elas aceitaram a sugestão do garçom, que tentou se comunicar no idioma, mas não entenderam o que estavam comendo.

A dificuldade de comunicação na maior cidade do país e sede da abertura da Copa --onde até recepcionistas de hotéis não falam uma segunda língua--, relatada à reportagem por vários estrangeiros que desembarcaram nos dois últimos dias, não tirou o apetite nem o bom humor das turistas. "Os brasileiros são amáveis, tentam ajudar como podem", disse Emy Casaletti, 51, agente de marketing esportivo, assim como a irmã.

A grande decepção das sul-africanas, de croatas, ingleses, escoceses, australianos, colombianos e hondurenhos, entre outros ouvidos pela Folha, é o clima "triste" da cidade às vésperas da Copa.

"Nem parece que vocês estão sediando a Copa. Em Johannesburgo, nos dias que antecederam o Mundial [em 2010], os moradores falavam com orgulho do país, cantavam, festejavam. Aqui não acontece nada", disse Vivian.

O baixo-astral do paulistano com o Mundial também decepcionou o empresário inglês Gary, 50, que não quis revelar o sobrenome. "O meu sonho era estar nesta Copa do Brasil, mas imaginava outro clima aqui. A gente até vê bandeiras brasileiras, mas as pessoas estão muito desanimadas", afirmou, enquanto bebia uma cerveja com dois amigos no Paribar, no centro.

A animação pré-Copa que faltava aos paulistanos na noite de terça (10) sobrava aos croatas e mexicanos no Bar Brahma, na av. São João.

Os croatas exaltavam a simpatia brasileira, "as mulheres bonitas" e a comida "deliciosa". "Foi fácil andar de metrô, a sinalização é boa. Os preços também estão bons pra gente", afirmou o engenheiro elétrico Dario Ivic, 28. "Minha única queixa é que ninguém fala inglês."

Se para os europeus os preços não estão exorbitantes, para os latino-americanos, as contas estão salgadas. "Estamos comprando comida no supermercado e levando para o hostel. Está tudo 40% mais caro que na Colômbia", disse a publicitária Jackelyn Madrigal, 31, de Medellín.

Na noite de quarta (11), os estrangeiros estavam em bares do Baixo Augusta e da Vila Madalena. O indiano Vikram John, que esteve na Copa da Africa, ainda achava a cidade triste. "Cadê a alegria do brasileiro?", disse ele.

Já as americanas Ashley Posem, 30, e Meghan Franceholtz, 26, consideravam a cidade "um pouco mais animada", com "mais alegria."


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