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Velozes e furiosos

Seleção alemã cultiva paixão por carros e se envolve em polêmicas ligadas à velocidade

FABIO VICTOR ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Aqui ou na China, a associação entre jogadores de futebol e carros é tão óbvia quanto a queda deles por mulheres bonitas.

Mas num país como a Alemanha, que tem a velocidade como negócio, produz alguns dos melhores carros do mundo, constrói estradas impecáveis (sem pedágio) e abriga a escuderia que domina a temporada da F-1, essa relação é como as famosas "autobahns": não tem limite.

Entranhada na cultura moderna alemã, a atração por máquinas velozes se reflete também no cotidiano da seleção do país, que estreia nesta segunda na Copa.

A começar do treinador da equipe, Joachim Löw (pronuncia-se Ioarrím Lêf), 54. Em maio passado, ele teve, pela segunda vez desde que dirige a seleção, a carteira de motorista apreendida. Estourou os pontos por excesso de velocidade e por dirigir falando ao celular -infrações cometidas com o carro oficial da federação alemã. Como punição, está proibido de conduzir por seis meses.

"Preciso me conter. Aprendi a lição e vou mudar meu comportamento ao volante. Tenho de conviver com as consequências, e agora uso o trem com mais frequência", disse Löw em comunicado.

Em 2006, ele já ficara impedido de dirigir por um mês, por ultrapassar a velocidade.

Em ambos os casos, o excesso se deu em áreas urbanas ou vias próximas a cidades. É preciso dizê-lo, pois, na nação que fabrica Audi, BMW, Mercedes e Porsche, a maioria das "autobahns" (autoestradas) não tem limite de velocidade -em geral é sugerido que se ande a 130 km/h, mas não há multa para quem o ultrapassa.

Os excessos de Löw ao volante serviram de munição para o ex-presidente da federação alemã Theo Zwanziger atacar Löw e a atual gestão da entidade.

Em entrevista ao diário "Frankfurter Allgemeine", Zwanziger disse que Löw não tem autoridade para dirigir a seleção. "Quem exige disciplina tem que ter disciplina."

Há uma penca de outros laços entre dois dos esportes mais populares do país. Um deles, claro, é o o amor dos boleiros por carros.

Quando jogava no Real Madrid, o meia Özil circulava por Madri com uma Ferrari preta cujas placas tinham suas iniciais, mês e ano de nascimento -foi multado por estacionar em local proibido.

Nos últimos dias, jogadores da Alemanha prestaram homenagens ao compatriota Michael Schumacher, o maior vencedor da história da F-1, em coma por causa de um acidente de esqui. O meia-atacante Podolski disse que a seleção espera poder dedicar a ele o título da Copa. Outros postaram mensagens desejando força ao piloto.

Talvez o aspecto mais notável dessa relação seja a enorme influência exercida pela Mercedes na seleção. A montadora é a principal patrocinadora da federação alemã e sua presença no dia a dia do time é vista por muitos críticos como excessiva.

Craques da equipe costumam testar modelos da marca e ir a eventos promocionais. Às vezes dá errado.

Na pré-temporada para a Copa, um acidente durante uma ação de marketing da montadora perto de onde o time treinava, na região do Tirol italiano, deixou dois feridos, um deles gravemente. Os pilotos Nico Rosberg (alemão líder do Mundial de F1 pela Mercedes) e Paul Wherlein (da Stock Car alemã) dirigiam carros com o meia Draxler e o lateral Höwedes, respectivamente. O automóvel de Wherlein e Höwedes atropelou os pedestres.

Às vésperas da Copa, o caso ainda ressoa. Em entrevista coletiva no sábado na Bahia, onde a Alemanha está baseada, Höwedes foi questionado sobre o acidente, mas não comentou. Um assessor informou que a federação presta auxílio às vítimas.

As ações da Mercedes continuam no Brasil. Na semana passada, os jogadores passearam num barco da montadora na praia em que o time está hospedado em Santa Cruz Cabrália, na companhia do aventureiro patrocinado pela empresa, Mike Horn, que antes deu uma palestra ao time.

No dia seguinte, outro patrocinador alemão, a SAP, realizou evento de marketing em entrevista com integrantes da comissão técnica.

Indagado pela Folha se os eventos promocionais não prejudicam a preparação, Löw disse que não viu o passeio de barco como ação de marketing, mas como atividade motivacional útil à seleção. "Foi uma das melhores apresentações que já vi de um palestrante externo."


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