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Vila dos Diabos

Belgas criam no Rio 'ilha' organizada em camping disputado por argentinos e chilenos, mas reclamam de instalações

ITALO NOGUEIRA DO RIO

A trave tem panos vermelhos, pretos e amarelos. Bandeiras da Bélgica dominam a área de 8.000 metros quadrados, cercada por grades e com segurança privada. Até a cerveja veio do país europeu.

Montado como quartel-general da torcida belga na Copa, o DeVillage (corruptela de Devil Village, em inglês vila dos diabos, como é conhecida a equipe) abriga cerca de 600 fãs do time, que enfrenta a Rússia neste domingo (22), no Maracanã.

A confederação belga reservou para os torcedores cerca de 10% da área do Camping Clube do Brasil no Recreio dos Bandeirantes, em frente à remota praia da Macumba, na zona oeste do Rio.

Mas a cerca de arame que separa a área exclusiva europeia, com palco para shows e telão para assistir aos jogos, incomoda os vizinhos argentinos e chilenos, que ocuparam o restante do camping.

"Eles não falam com a gente e nem podemos entrar [na área]. Trouxeram até a própria cerveja. Viajaram milhares de quilômetros para chegar à América Latina e ficam ilhados. São uns racistas", reclama o jornalista argentino Diego Bollo, 39, instalado próximo ao palco.

"Viemos aqui para ficar juntos. Não temos nenhum problema em conversar com eles, mas há a barreira da língua", disse o padeiro belga Uerellen Guy, 55.

As instalações não se comparam à da família real belga, mas também estão longe das barracas e dos motorhomes de argentinos e chilenos que lotam o mesmo camping.

Os torcedores europeus estão em tendas com dois metros de altura, com camas de madeira e com colchão.

As barracas estão alinhadas, com identificações alfanuméricas. Contrastam com caminhões enferrujados, lonas e mesas espalhadas pelo acampamento latino.

As condições atuais, contudo, não satisfizeram os belgas. Principalmente para quem pagou até € 4.500 --cerca de R$ 13.500--, por passagem, ingresso para os três jogos da primeira fase e alojamento.

As principais queixas são a limpeza dos banheiros, falta de internet, energia e atraso na montagem de estruturas. O telão e o palco foram concluídos nesta sexta-feira (20), segundo hóspedes. Os tonéis da cerveja Jupiler, patrocinadora da seleção e do acampamento, estavam em falta.

"Decidi ficar no acampamento por causa da atmosfera. Cria uma unidade entre os belgas. Tudo é festa, mesmo que as circunstâncias não sejam tão boas", disse o empresário Olivier Speltdooren, 23.

A inspiração para o acampamento é o camping promovido por holandeses desde a Copa de 2006, na Alemanha --neste ano montado em São Paulo. Apostando nas estrelas como o meia Hazard e o goleiro Courtois, a confederação investiu nas campanhas para atrair seus fãs.

A intenção inicial da organização era reservar todos os 84 mil metros quadrados do camping. Vídeos que apresentam a maquete do lugar indicavam exclusividade.

Mas a organização só fechou acordo com o camping duas semanas antes da Copa. A reforma do banheiro que poderia atender ao grupo foi adiada. O contingente no acampamento representa cerca de 20% dos 3.000 belgas que vieram ao Brasil acompanhar a seleção na Copa. O pacote, contudo, não inclui as fases finais.

"Tenho confiança na minha seleção, mas não na minha conta bancária", disse Speltdooren.


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