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Xico na Copa

Respeite o freguês

Temo! Freguesia é como no amor, um dia acaba e só resta devolver o Neruda que nunca lemos

Amigo integrado, amigo apocalíptico, vou fazer uma inconfidência mineira. Temo hoje o Chile pela mesma razão da confiança da maioria dos brasileiros: a tal da freguesia. O freguês um dia quebra a sua fidelidade histórica. Não há freguês de carteirinha para o resto da vida, mesmo que o dono do boteco libere o "pindura" e jogue fora a plaquinha "fiado só amanhã" do recinto.

Freguesia é como nos xodós e no amor, um dia acaba e só nos resta devolver o Neruda ou o Roberto Bolaño que a gente nunca leu. Temo hoje o Chile exatamente pela arrogância do termo freguês, como alertou o Alex Bellos, jornalista inglês apaixonado pelo futiba brasileiro.

Temo também o ótimo time do Chile por uma razão nada técnica. Em um descuido, com tantos jogos incríveis da Copa, meu corvo Edgar, a mal- assombrada e agourenta ave, fugiu de casa. Foi vista ontem em BH, no ombro de torcedores do Galo, no Bar do Salomão, raro estabelecimento que ainda serve o feijão andu, esquecida maravilha da cozinha brasileira.

Que Neymar, com a prometida chuteira dourada --larga disso, menino!--, não suba no salto ao acreditar em uma freguesia histórica do tempo em que nem era nascido. Garantia de freguesia cativa só nas bancas do Pastel da Maria, nas feiras livres de São Paulo.

O Brasil não pode jogar com essa caderneta de quitanda no bolso. Sob pena de tragédia. Deve atuar como se enfrentasse os bravos mineiros, resistentes do inferno das minas do Chile --eles mandaram mensagem, em um belo anúncio de TV, aos jogadores do país de Allende.

Que o corvo Edgar se iluda com a beleza das moças de Belo Horizonte, dê de cara com aquela Sophia Loren que conheci na Rede Minas... Enfim, que desvie o foco da mandinga e do agouro.

Que ao apito do juiz a gente possa dizer, cordialmente, agradecemos a preferência, volte sempre.


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