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Após viver tensão, torcida canta 'o campeão voltou'

Público se cala após ensaiar novas canções no Mineirão e só explode no fim; torcedores trocam socos

O Mineirão não foi um caldeirão brasileiro. Mas explodiu quando Jara mandou a cobrança de pênalti na trave e classificou a seleção de Felipão para as quartas de final.

Foi o grande momento para o público, que foi para casa gritando que "o campeão voltou". Antes disso, a partir do início da prorrogação, porém, o clima foi de tensão.

Fora do Mineirão, os chilenos compareceram em grande número. A maioria, no entanto, foi barrada pelos bloqueios montados pela Polícia Militar. Não tinha ingresso.

Dentro, foi quase jogo de torcida única. Do público divulgado de 57.714, apenas cerca de 5.000 apoiavam o Chile --mas, em boa parte do segundo tempo, fizeram mais barulho que os brasileiros.

A torcida do Brasil tentou emplacar um novo grito de guerra. Pessoas com megafones distribuíam papéis com letras de músicas para serem cantadas. Na folha, estava escrito: "Pule, grite, cante, se empolgue. Faça a sua parte!".

A campanha é tentativa de fabricar novas músicas de incentivo para a seleção. E responder a "Brasil decime que se siente" ("Brasil, diga me como se sente"), música provocativa criada por argentinos, que virou febre na Copa do Mundo.

Alguns trechos de músicas ensaiadas foram tentativa de autoafirmação. "Eu sou brasileiro. Não sou argentino", cantavam em uma delas.

Nenhuma deu certo.

SALGUEIRO

No primeiro tempo, surgiu a paródia do samba do Salgueiro de 1993, "Peguei o Ita no Norte". "Explode coração na maior felicidade, é lindo o meu Brasil contagiando e sacudindo essa cidade." Durou pouco e não empolgou.

Antes da prorrogação, só os chilenos cantaram. Os brasileiros só conseguiram coordenar um canto já na metade do segundo tempo da prorrogação. E foi com o manjado "sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor".

A catarse estava sendo guardada para a disputa de pênaltis, quando, no momento mais importante, a torcida brasileira, enfim, despertou.

"Estou aliviado, mas com medo do final disso", afirmou o mecânico Adalto Siqueira, 25. "Foi muita emoção, até chorei", disse o engenheiro Floriano Fernandes, 33.

O médico Rafael Montovani, 36, que viu pela primeira vez um jogo da seleção, disse que o sentimento era de "alívio total".

Não achei que passaríamos tanto sufoco."

VAIAS E SOCOS

Desde o início do jogo, o clima não foi amistoso. No hino do Chile, parte do Mineirão vaiou.

Os chilenos tentaram fazer o mesmo quando foi a vez do Brasil, mas, em minoria, não conseguiram se fazer ouvir no estádio todo.

Logo após o gol do Brasil, a torcida brasileira gritava que o Chile era freguês. Quando veio o empate, a chilena revidou: um cartaz escrito "Mineirazo" foi levantado.

Chilenos e brasileiros, separados por um corredor, começaram a discutir. A segurança na área foi reforçada.

No intervalo da prorrogação, os ânimos se exaltaram, mas dessa vez entre os próprios brasileiros. Grupos se acusavam de não incentivar o time. Dois homens trocaram socos e foram logo separados.

Ao final do jogo, brasileiros começaram a xingar chilenos e a cantar "Adiós, Chile". Um brasileiro levou um soco na boca de um chileno e foi parar na enfermaria.


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