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Estranhos no ninho - Ana Estela

É o humor, bobinho

"Soft power" rege os grandes eventos; nesta Copa, ainda falta recuperar 15 milhões de almas

Não é pelo dinheiro. A Copa do Brasil vai dar prejuízo econômico, como se sabe desde que os estatísticos voltaram suas planilhas para o futebol, nos anos 1990. Da farta literatura a respeito, basta ler o economista Stefan Szymanski ("Football Economics and Policy", 2010).

Professor da Universidade de Michigan, ele rodou números das 20 maiores economias do mundo ao longo de 30 anos e calculou, com rigor estatístico: o impacto para o país-sede é nulo nos anos anteriores e posteriores ao Mundial. No ano do evento, é negativo.

Alguns motivos: 1) o investimento desviado para estádios e infraestrutura deixou de ir para outras obras com maior poder multiplicador, 2) a maioria do público é local e já estaria gastando o dinheiro dentro de seu país, 3) os turistas atraídos pela Copa não compensam os que foram afastados pelo evento.

No Brasil de hoje, pode ser pior porque: 1) a poupança do país é minúscula, ou seja, fatia muito maior será drenada de outras atividades, em vez de ser dinheiro novo injetado na economia, 2) parte relevante dos bens consumidos aqui é importada, e essa fatia do ganho acaba sendo exportada.

Ainda assim, países disputam avidamente a sede de grandes eventos, pelo "soft power", o "poder suave", que não vem da força bruta militar ou econômica. Como instrumento de mobilização, o futebol é poderoso. É atrás do prestígio e da influência que os governos estão, e é aqui que o Brasil ainda perde em 2014.

O prejuízo "fofinho" não é tão fácil de quantificar quanto o econômico, mas o Datafolha ajuda nesta Copa. Anunciado em 2007 no governo Lula (mais afeito ao "soft power"), o Mundial era aprovado por 79% dos eleitores. Às vésperas da Copa, em momento bem menos "suave", o índice era 51%. Antes da vitória de hoje, havia subido para 63%. Melhorou, mas a perda ainda está em cerca de 15 milhões de almas.


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