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Em campo, funcionários não podem assistir ao jogo

NATUZA NERY DE BRASÍLIA

Vou pagar o preço da minha ignorância junto aos letrados em futebol, que até o nome da trave sabem.

Tenho que confessar. Nesta Copa do Mundo, descobri a mais triste das profissões do Mundial.

Eles são contratados para ficar de pé no gramado durante toda a partida. Ficam tão bem posicionados que dá até para ouvir o que um técnico grita ou o que um zagueiro reclama.

Mas, ao contrário de provocar inveja, o trabalho corta mesmo é o coração de quem gosta de futebol.

Imagine estar a alguns passos da seleção brasileira em campo e perder o passe mais bonito ou a terrível joelhada nas costas de Neymar?

Bem, isso acontece com todos, religiosamente todos, os assistentes de torcida, os chamados "stewards".

Eles usam um colete de cor fluorescente e são pagos paras ficar de costas para o jogo. Sua função é monitorar confusões nas arquibancadas e evitar a invasão do campo.

Não lhes é permitido olhar para trás. Quem o faz leva bronca do chefe, que vigia os vigilantes de torcida.

Tem emprego mais frustrante que estar no estádio e não ver seu país jogar?

Pior é ter que intuir um lance a partir da reação alheia. Prestar atenção se o fã levanta da cadeira, faz ar de desespero, leva as mãos à cabeça diante de uma ameaça de gol.

No jogo do Brasil contra Camarões já havia me condoído com um funcionário da Fifa que via, atrás da arquibancada, o jogo pelo celular. Ele nem lamentava. Dizia participar, dali, de um momento histórico, mesmo sem a chance de enxergar sequer o bandeirinha.

Mas, com os "stewards", não há smartphone que resolva. Eles têm tudo ali: o calor da torcida, o estádio lotado, os gritos de gol. Só não têm olhos para a partida.

Seus serviços foram importados da Europa nesta Copa para inovar no modelo de segurança nos estádios brasileiros, com menor policiamento ostensivo.

Se a moda, ou o legado, como virou hábito dizer, vai pegar, não se sabe. Difícil é imaginar quantos "stewards" serão necessários para dar conta, se é que darão, de uma partida quente entre Corinthians e Palmeiras, por exemplo.


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