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Mineirão tem tarde para esquecer com vaia e briga

Torcida empurra seleção no início; depois vaia, grita 'olé' contra Brasil, troca agressões e deixa estádio antes do fim

DE BELO HORIZONTE DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE

A torcida brasileira foi para o jogo contra a Alemanha disposta a empurrar o time. Assim aconteceu até os 11min da etapa inicial, quando o Brasil tomou o primeiro gol do vexame histórico que viria à frente. Do apoio à vaia, ainda restariam 35 minutos.

No fim do primeiro tempo, a vaia começou e seguiu até o final da partida. Aos 40 min, do lado direito do Mineirão, xingamentos para a presidente Dilma Rousseff. O "Ei, Dilma, vai tomar no c..." durou poucos segundos.

Na metade do segundo tempo, a hostilidade voltou. Partiu do mesmo lado do estádio, ecoou com mais intensidade, mas foi interrompida por outro ataque do time alemão.

A sequência de gols da Alemanha no primeiro tempo não deu tempo para a torcida brasileira, maioria entre os mais de 58 mil presentes, se recuperar, perplexa, do que assistia. Entre 11min e 22min, um ou outro canto de apoio do estádio ainda surgia.

Primeiro foi o "Eu acredito", bordão que embalou o Atlético-MG rumo ao título da Taça Libertadores em 2013. Depois, ressurgiu o clássico "Sou brasileiro/com muito orgulho/com muito amor".

Antes do gol, os torcedores entoavam cânticos de provocação à Argentina. O preferido era o "Mil gols, mil gols, só Pelé/Maradona cheirador". E vaias para a posse de bola alemã.

ANTES E DEPOIS

A partir dos gols alemães, porém, o comportamento da torcida mudou radicalmente. Focos de brigas entre brasileiros surgiram em pontos diferentes do estádio. A PM ficou em uma das arquibancadas, mas sem intervir. Os agentes de segurança da Fifa se encarregaram de retirar os brigões.

Alguns torcedores do setor 303, o mais caro do estádio (R$ 1.320), começaram a ir embora, sobretudo famílias com crianças. Pessoas de outros setores ocuparam os lugares.

"Como uma seleção pentacampeã toma cinco gols em dez minutos?", questionava o aposentado João Carlos Marzola, 73, de Brasília, com filhos e netos.

A família do aposentado deixava o estádio pela humilhação e pela violência que crescia. "Tem brasileiro brigando com brasileiro porque uns pedem pra torcida apoiar e outros querem xingar. Estamos com medo", disse a empresária Nayara Diniz, 25.

Dois alemães de Stuttgart tiveram que sair após serem alvo de agressões. "Levei um soco no ouvido e não estou escutando nada. A gente queria apenas comemorar", disse o engenheiro Eugene Rene, 33.

Nem a mulher do goleiro Júlio César, a atriz Susana Werner, aguentou assistir à partida até o fim. Ela saiu do estádio após a Alemanha marcar o quinto gol. A Folha tentou conversar com a atriz, mas uma amiga dela interveio dizendo "agora não".

No segundo tempo, os focos de brigas cessaram. As vaias não, especialmente quando Fred tocava na bola. Gritos de "olé" surgiram num ataque da Alemanha.

A torcida alemã, que cantava "Rio de Janeiro, ô, ô, ô" --referência à final--, gritou "Brasil, Brasil" após o sétimo gol. Ficou a dúvida se por ironia ou dó. Os brasileiros, então, aplaudiram os alemães.

Veio o gol de Oscar e o estádio vibrou, mas as vaias logo voltaram. Ao final, reunidos no centro do campo, jogadores e comissão técnica foram vaiados pela última vez. (PAULO PEIXOTO, LÍGIA MESQUITA, ADRIANA KÜCHLER E CARLOS CECCONELLO)


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