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BARULHO

Buzinas, fogos e apitos embalam a comemoração nas ruas de Berlim após a goleada da 'super Deutschland' sobre o Brasil

TATIANA CUNHA ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

"Qual o motivo da visita?", pergunta o policial da imigração no aeroporto de Berlim.

"Sou jornalista e vim para acompanhar o jogo da Alemanha com o Brasil", digo.

Ele carimba meu passaporte. "Boa sorte à noite. Vocês vão precisar", diz o policial. Mal sabia o que me esperava.

"Brasil", exclama Joachin Muhiddin, o taxista que me recebe ao ver a camisa da seleção. Alemão, filho de turcos, vai torcer para o Brasil.

Em solo inimigo, resolvo fazer o reconhecimento do território antes de decidir onde verei a semifinal.

Vários carros passam pelas ruas com bandeirinhas nas janelas. Retrovisores cobertos, enfeites em preto, amarelo e vermelho. A capital vive o clima de Mundial.

Um mendigo com a camisa de Özil vem falar comigo. Ele aponta para minha camiseta, mas não falo alemão e ele não fala inglês. Pelo sorriso, imagino que ele não esteja me xingando. Vejo vários Müller, Klose e Podolski nos quase dois quilômetros até a Mercedes Welt.

A patrocinadora do time alemão montou telão. Os funcionários usam camisa da Alemanha. Um deles se aproxima. "Camisa errada."

VISADA NA MULTIDÃO

Apesar de o local ser agradável, serei alvo fácil.

Resolvo ir para a principal Fan Fest de Berlim, entre o Obelisco da Vitória e o Portão de Brandenbrugo.

São mais três quilômetros em que me sinto como Neymar, visada pelos rivais. Ouço um "Vai, Brasil". É Bruno Pedroso, 17. Está de férias em Berlim com a família.

Há sete telões. É cedo, e barraquinhas de salsicha e de cerveja são as atrações.

Sou minoria. Uma torcedora, bandeira da Alemanha pintadas no rosto, me mostra a brasileira no chinelo. E oferece para pintar meu rosto. Acho melhor dizer sim.

Começa o jogo. Não dá mais para se mexer. Eles cantam "Ole, ole, ole, super Deutschland, ole" quando sai o primeiro gol da Alemanha.

A garoa dá lugar a uma chuva de cerveja. Gritos, beijos. A festa nem bem termina e... gol. Os alemães mal acreditam. Três. Quatro. Cinco.

Vem o intervalo e decido que o lugar está dando azar. Me mexo e recebo abraços, sorrisos de dó e "bye, byes".

Um torcedor oferece cerveja. "Não é fácil perder uma Copa em casa. Sei como é", afirma ele --a Alemanha ficou em terceiro em 2006.

Vem o sexto gol. Mas a comemoração já não empolga. Quando faltam 15 minutos para o fim, decido que já sofri demais e resolvo ir.

Antes de encontrar um táxi, ouço gritos. Sete? Na van, policiais assistem ao gol numa TV pequena. No táxi, o rádio está ligado. Nem percebo o gol do Brasil, tamanha a falta de entusiasmo.

Pela janela do quarto vejo a torcida no cruzamento ao lado. Buzinas, fogos, apitos. Todos festejam. O barulho é ensurdecedor, mesmo do oitavo andar. A noite vai ser longa. Para eles e para mim.


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