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Entrevista Kaká

Brasil precisa diminuir o número de partidas

Para meia do São Paulo, excesso de jogos torna campeonato menos atraente

MARCEL MERGUIZO

Kaká, 32, não gosta de falar sobre o quarteto ofensivo do São Paulo, formado por ele, Ganso, Kardec e Pato.

Entre as razões para frear o entusiasmo, está a Copa do Mundo de 2006, quando a seleção brasileira tinha o "quadrado mágico", com ele, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo. O time foi eliminado nas quartas de final do Mundial.

Kaká usa essa e outras experiências para guiar seus companheiros. Em conversa com a Folha, falou sobre sua liderança, defendeu mudanças no futebol brasileiro e opinou sobre política e religião.

Folha - Para muitos, o jogo contra o Cruzeiro neste domingo (14) é uma final antecipada. Também vê assim?

Kaká - É um jogo importante. Podemos diminuir a vantagem do Cruzeiro na liderança [hoje são sete pontos, 46 a 39]. Final? É difícil falar em final no Campeonato Brasileiro. Todos os jogos valem o mesmo número de pontos.

O São Paulo é outro desde que foi eliminado na Copa do Brasil para o Bragantino. Por quê?

Não vejo um jogo [como divisor de águas]. É um processo. O time vem crescendo, encontrou uma forma de jogar, uma filosofia. Tudo isso contribui com a boa fase.

Não gosto de falar do quarteto especificamente. Não vejo assim. Prefiro fortalecer a atuação do time para não criar alguma situação que não seja favorável ao grupo.

Você se incomoda por que remete ao quadrado mágico'?

[Me incomoda] falar somente sobre quatro jogadores. Não é legal essa superexposição. Tive uma experiência que não foi produtiva ao time e consigo utilizar a Copa de 2006 como exemplo.

A euforia com o quarteto não nos influencia. O time tem essa consciência de que todos são importantes. Quanto mais forte for o grupo, maior será a nossa possibilidade de chegar ao título. Falta de confiança é ruim, mas o excesso também é ruim.

Qual sua influência no time?

O relacionamento é muito bom. Tento entender os momentos em que posso brincar e os que tenho de dar exemplo. Transmito [aos jovens] que, mesmo tendo conquistado tudo que conquistei, tenho muito profissionalismo para que eles possam seguir meu exemplo assim como eu fiz até chegar neste estágio.

Quais foram suas referências?

Rogério Ceni, Maldini e Cafu. Ganharam tudo como atletas e continuaram motivados para novas conquistas.

Acredita que sua presença causou mudança no Pato?

Não teve uma conversa especifica com ele. Somos amigos desde o Milan. É confiança. Mas não é só o Pato, é todo o grupo. Diante do Botafogo, disse para o Auro: "Se você achar que tem de me cobrar, me cobre porque se eu tiver de cobrar, eu vou cobrar."

Imaginava desempenhar esse papel na volta ao São Paulo?

Aconteceu um pouco na minha última passagem pelo Milan. No Brasil, essa proporção aumentou. Gosto de citar o Leonardo. Quando ele voltou ao São Paulo, eu tinha 18 anos e o admirava. Vejo essa relação com os mais novos e procuro dar exemplos.

Você mudou até seu visual. Deixou a barba crescer...

[Risos] Todos estão nessa onda. Antes, minha filha reclamava. Tô curtindo, mas não tem nada de bad boy.

Mudou também o modo como lida com a religião (até 2010 era ligado a Igreja Renascer).

Continuo cristão, tenho a mesma linha de valores. Hoje não estou vinculado a nenhuma igreja. Faço estudos bíblicos com alguns pastores. É uma visão do estilo de Jesus como vida, de entender o que ele queria transmitir.

Nesse retorno ao Brasil, o que te chamou mais a atenção?

O calendário. Piorou em relação ao ano que sai [2003]. É preciso diminuir o número de jogos, respeitar as datas da Fifa. A alta quantidade de jogos diminui a qualidade técnica e reduz a atratividade.

Qual foi sua reação ao 7 a 1?

Fiquei triste. Mas não dá para mudar tudo por causa do 7 a 1. É preciso refletir sobre a seleção e os clubes. Somos pentacampeões, mas o futebol evoluiu. É preciso abrir a mente para outros países, outra filosofia de jogo.

Qual é a sua opinião sobre o movimento Bom Senso F.C.?

Fiz algumas reuniões, mas preciso de mais informações. Aí direi o que penso.

Será a primeira vez que vai votar desde 2002, não? Lembra em que votou naquele ano e já decidiu seu voto em 2014?

A última vez foi 2002, mas não lembro. Hoje, não decidi. Encontrei alguns candidatos à Presidência e ao governo de São Paulo para ter informações e decidir. O Brasil vive um momento de mudança e é importante entendermos.

Seu contrato termina em dezembro. Há chance de ficar?

Meu vínculo com o São Paulo é eterno. O final do ano é a hora certa para falar disso. Tudo está em hipóteses e pode gerar ansiedade em todos os lados. Vamos esperar e ver o que pode acontecer.


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