Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Entrevista - Thomaz Bellucci

Admiro muito o Guga, mas não me comparo a ele

Após tirar Espanha da Davis, tenista conta que faz treinamento para 'antecipar situações' e diz que gostou de ter Argentina como próxima rival

EDUARDO OHATA DE SÃO PAULO

Líder em quadra na vitória sobre a favorita equipe da Espanha no último fim de semana, que devolveu o Brasil à elite da Copa Davis, Thomaz Bellucci, 26, define o tênis como um esporte "pelo menos 50% mental".

Nesta entrevista à Folha, concedida na terça (16), o brasileiro mais bem ranqueado em simples (82º) comenta o trabalho psicológico que tem feito e as comparações com Gustavo Kuerten.

Em nota divulgada nesta quinta (dia 18), disse ter gostado da definição da Argentina como próxima adversária do Brasil no Grupo Mundial da competição. "Dentro das possibilidades que a gente tinha, acho que foi bom, mesmo jogando fora."

Folha - Por que tantos altos e baixos em sua carreira?
Thomaz Bellucci - Isso é normal com qualquer atleta. O importante é você estar preparado para agarrar as oportunidades.

A sua declaração ao fim do duelo com a Espanha de que a rapaziada não é valorizada mas hoje mostramos nosso valor' pareceu um desabafo...
Foi um desabafo, um recado para quem muitas vezes não acredita na gente, acha que no Brasil o tênis morreu.

Como estava o seu preparo psicológico?
Sabia que eram jogos difíceis, mas que era possível [vencê-los]. Hoje não há jogador invencível. Em um bom dia, eu consigo ganhar de praticamente qualquer um.

Como é o trabalho de mentalização que você faz?
É um treinamento mental antes dos jogos. Antes de passar por dificuldades em quadra, você já se antecipa a tudo, imagina o que fará em todos os cenários. É necessário resolver problemas muito rapidamente. Tem que pensar numa estratégia diferente entre um ponto e outro, e o tempo que você tem são 15, 20 segundos.

Como isso funciona?
Você antecipa as situações que pode encontrar em quadra e deixa as soluções arquivadas' [em sua cabeça].

O fato de sair de casa ajudou em seu amadurecimento?
Sai da casa dos meus pais há uns dois anos. Isso amadurece o homem: saber que não está debaixo das asas do pai. Tem que cuidar de si mesmo.

Como é o trabalho com a psicóloga Carla Di Pierro?
Ela está comigo há dois anos. No início, a gente trabalhou mais problemas pessoais, que consegui superar. Agora ela acompanha alguns treinos.

Como vê a forma como o público lida com os ídolos?
Acho que não chego a ser um ídolo. Hoje sou o maior nome no tênis [nacional], mas não chego a ser um ídolo no tênis como o Guga. Ele teve conquistas bem maiores que as minhas. Acho que os brasileiros sempre estão querendo criar ídolos, jogadores que às vezes não são tão qualificados para substituir o Guga ou [pilotos para substituir] o Ayrton Senna.

Ele [Senna] era muito bom e depois vieram Barrichello e Massa, que a torcida cobrou que tivessem o mesmo resultado. No meu caso, a torcida queria os mesmos resultados do Guga. A torcida sempre quer um ídolo para substituir outro. É muito difícil substituir ídolos como Guga.

O que acha das comparações?
No começo acho que todo mundo me comparava. Hoje em dia todo mundo vê que o Guga é muito maior do que eu, conseguiu mais coisas, três Grand Slams, foi número um do mundo.
Mas quando um jogador é muito melhor do que você, nem tem como se comparar. Admiro muito, mas não me comparo a ele.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página