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Entrevista Tite

Quero ir de cabeça, peito, corpo, alma e coração ao Mundial

A CINCO JOGOS DO JAPÃO, TÉCNICO FALA SOBRE PRESSÃO PELO TÍTULO, PEDE A MESMA GARRA DA LIBERTADORES E EXPLICA COMO EQUIPE VAI JOGAR

LUCAS REIS DE SÃO PAULO SANDRO MACEDO EDITOR-ASSISTENTE DE “ESPORTE”

Tite, 51, tem um plano para conquistar o mundo. Na verdade, ele tem dois.

Em entrevista à Folha, o técnico do Corinthians detalhou os dois esquemas táticos que usará no Mundial de Clubes, mês que vem, no Japão, falou sobre a vontade e a pressão pelo título, a expectativa da invasão de torcedores e os perigos do Chelsea.

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Folha - O que falta para o time ficar pronto para o Mundial?
Tite - Readquirir aquele ritmo de competição. Agora, com todos os atletas juntos, nós temos duas formas de jogar e elas estão dominadas. Há tempos eu disse que teria que aprender a jogar novamente com pivô. Ela [equipe] se ajustou novamente e tem essas duas formas de jogar, com pivô ou com jogador de movimentação.

O time jogou a reta final da Libertadores sem pivô. Está pronto para mudar?
Na verdade, jogou com Liedson em grande parte da Libertadores e foi campeão brasileiro com o Liedson como pivô. Lembro que o Liedson não estava bem, o Elton foi utilizado, mas também não estava dando aquela resposta técnica que imaginava.
Eu fico medindo o desempenho dos atletas. Daqui a pouco, estarão bem Jorge, Danilo, Alex e Emerson. Pensei: tenho que aproveitar esse bom momento deles para que eu possa criar uma forma alternativa de jogar, de movimentação. Deixamos de utilizar o pivô, depois retomamos quando veio o Guerrero.

Então a sua grande dúvida é a opção entre o esquema com ou sem o pivô?
Não é dúvida, é certeza! Posso usar os dois no mesmo jogo! Se antes eu tinha dúvida de que a equipe podia se ajustar, hoje eu não tenho. Ela pode jogar bem de uma ou de outra forma. Antes eu não tinha essa certeza. Até porque eu não tinha mais o pivô. Hoje tem.

Quais seriam as mudanças na escalação para a entrada e a saída do pivô?
O campo vai falar. Se eu pegar uma equipe [adversária] mais lenta, com um [esquema] 4-2-3-1, usando só três jogadores na faixa central e dois laterais lentos, vou botar velocidade pelos lados. Vou explorar uma deficiência do adversário!
Se o sistema dela é de quatro jogadores no meio-campo, não poderei jogar com dois jogadores de velocidade. Ficaria desguarnecido na faixa central do gramado. Vou observar as variantes de acordo com o adversário.
A equipe me proporciona esses pequenos ajustes: dois de armação, Douglas e Danilo, ou de velocidade, com Jorge Henrique, Martínez, Romarinho, Emerson.

Pelo que já mostraram, Romarinho e Emerson estão na frente na disputa pelo ataque?
[Aponta para o campo] Vai pesar fundamentalmente o momento técnico do atleta e, falando da parte física, presumo que tenha condição de jogar 90 minutos.
É preciso ainda ver como a equipe vai se ajustar. A tendência é que esses cinco jogos [do Campeonato Brasileiro] me mostrem isso.

O time terá duas caras diferentes para dois jogos diferentes?
Todos os jogos, todos, têm um plano A e um plano B. Ao longo do tempo, aprendi a dar confiança ao atleta. Se alguma coisa não estiver dando certo, haverá um ajuste a ser feito. Aqui a gente fez o 4-2-3-1, ou o 4-1-4-1, com Paulinho avançado, uma linha mais adiantada, fazendo pressão.

O time foi campeão da Libertadores em um estado emocional e técnico muito extremo. É possível ter aquela mesma concentração e força agora?
Nunca acredito que as coisas possam ser iguais, é sempre mais ou menos. Mas espero estar no mesmo patamar. E espero saber lidar, eu e o grupo todo, com essas diferenças. A diferença de estar em outro país.
Emocionalmente tem outro detalhe: você anda na rua aqui, o torcedor fala contigo. Não conseguia [na Libertadores] sair de casa. Os jogos do Mundial serão reflexo dos nossos jogos no Brasileiro.

Acha que será menor a pressão para ganhar o Mundial?
No Mundial, não se pode errar. A margem de erro é muito pequena. São 180 minutos. Quando enfrenta jogos com essa característica, não há tempo de recuperação.
Na Libertadores foram dois jogos contra o Boca, dois jogos contra o Santos, dois jogos contra o Vasco. Ali não tem. A gente tem que se preparar para esse tipo de coisa. Ajustar essas características.

O time está com a mesma fome que teve na Libertadores?
Estamos nos cobrando. Nenhum de nós, com exceção do Fábio Santos e do Danilo, tem [o Mundial]. Não me permiti nem ouvir outras possibilidades profissionais, porque eu consegui chegar no ponto mais importante da minha carreira profissional!
Temos que encontrar o ponto exato dessa ambição, essa coisa bonita de a gente buscar o título, para não virar obsessão. A gente tomou o cuidado de construir no dia a dia esse trabalho. Foi o que a gente fez na Libertadores, no Brasileiro [de 2011].

O Chelsea mudou muito depois do título europeu. Ficou mais perigoso?
Não dá para dizer mais perigoso. São características diferentes. Ele [o técnico Roberto Di Matteo] montou uma linha de três muito móvel, muito criativa. Trocou seu pivô pelo Fernando Torres, que tem uma qualidade de finalização e uma força impressionante. O Drogba [hoje no chinês Xangai Shenhua] tinha mais velocidade. O meio ficou mais criativo [com a chegada de Oscar].

Fala-se em 20 mil corintianos no Japão. Pela distância e custos, provavelmente será uma torcida diferente daquela que costuma ir ao Pacaembu. O que você espera da torcida lá?
A torcida do Corinthians não tem diferença pela classe social. Por dentro, é igual. O calor é igual, a vibração é igual. Tem cara que vai viajar e não vai assistir ao jogo por não ter ingresso, mas vai ficar na porta do estádio. Independentemente do poder aquisitivo, o sentimento é o mesmo.


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