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Mãos a obra

Empenhado em manter o time na Série A e jogar pela Argentina, Barcos fala sobre gol irregular e dificuldades técnicas do grupo

RAFAEL REIS DE SÃO PAULO

Barcos tinha tudo para considerar 2012 o melhor ano da sua vida. Virou ídolo no futebol mais rico da América do Sul, ganhou título e, para sua própria surpresa, passou a atuar na seleção argentina.

Apesar de tudo isso, o atacante palmeirense que fez o gol mais polêmico do Brasileiro não pode comemorar. Sua temporada quase perfeita pode ser manchada caso a equipe alviverde seja rebaixado para a Série B.

Em entrevista à Folha, o centroavante argentino fala do gol irregular, que colocou sub judice o resultado do jogo contra o Inter, deixa no ar sua saída do Palmeiras e critica a falta de qualidade de companheiros de equipe.

Folha - Quando você chegou ao Palmeiras, o que você achava mais improvável acontecer: virar ídolo instantâneo e chegar à seleção argentina, conquistar um título ou brigar contra o rebaixamento?
Barcos - Com certeza, a luta contra o rebaixamento [foi o que mais surpreendeu]. O Palmeiras é um clube grande, jamais esperava ter de passar por isso aqui.

E por que isso aconteceu?
Quando ganhamos a Copa do Brasil, perdemos a ambição. Para nós, já era suficiente só evitar o rebaixamento no Brasileiro. E esse é o pensamento que te prejudica.

Quando vocês perceberam que a situação havia se tornado delicada?
Quando terminamos o primeiro turno na zona de rebaixamento [na 17ª posição, com 16 pontos], vimos que nossa condição estava complicada. Depois veio a saída do Felipão [o técnico Luiz Felipe Scolari], o que causou mais um choque.

E, no meio dessa guerra para ficar na Série A, surge a polêmica do gol de mão [contra o Inter]. Você achava que o caso ficaria desse tamanho?
Não esperava que tudo isso fosse acontecer. Na hora, eu imaginava que o gol seria anulado e pronto. Mas a gente viu que o juiz não percebeu que foi com a mão. Depois que ele mudou de ideia, e essa história foi crescendo [Palmeiras tenta provar que o árbitro contou com ajuda externa para anular o gol].

E seu soco na bola não foi intencional mesmo, como diz a diretoria do Palmeiras?
Não. Sofri pênalti, fui agarrado dentro da área e, no que me mexi para escapar disso, a bola acertou a minha mão.

Na segunda-feira, você disse que não acusou na hora que o gol foi irregular por causa da torcida do Palmeiras. Acha que esse é o tipo de comportamento que o jogador deve ter?
Tudo depende da situação, do momento. Eu ia falar que foi com a mão depois, mais tarde. No entanto, naquela hora, com tudo o que o Palmeiras está enfrentando agora, não tinha jeito.

Se o Palmeiras já estivesse livre do rebaixamento e o jogo não valesse tanto, você teria agido de outra maneira?
É difícil falar. Não sei o que eu faria. Como te disse, tudo depende do momento. Seria uma decisão na hora mesmo.

A sua atitude de não denunciar a irregularidade rendeu algumas críticas. Acha que elas são hipócritas?
Para falar a verdade, ninguém veio até mim e criticou o meu comportamento. Se houve esse questionamento, foi só pela imprensa.

Uma polêmica desse tamanho em um momento tão decisivo como o atual pode pesar no lado psicológico dos jogadores?
Acho que não. Todo mundo já superou essa história contra o Internacional e só está pensando no jogo contra o Botafogo [amanhã, às 17h].

Quando o Palmeiras começa perdendo o jogo, é possível notar a fragilidade emocional do time...
É verdade que, muitas vezes, ficamos nervosos e sentimos demais quando levamos o primeiro gol. Mas houve partidas em que saímos atrás e continuamos jogando bem.

Está muito difícil acreditar que o Palmeiras não cairá para a segunda divisão?
Não acreditamos na queda. Enquanto houver chances matemáticas, vou acreditar. A Série B nem passa ainda pela minha cabeça.

Se o Palmeiras for rebaixado, você fica para a Série B? Não teme desaparecer e atrapalhar seus planos de continuar na seleção argentina?
Não dá para falar direito sobre isso porque, como afirmei, não penso que vamos jogar a Série B do Nacional.
Para mim, vamos ficar na Série A. Mas, se acontecer de cairmos, realmente seria muito prejudicial para a minha situação [na seleção].

Aos 28 anos, uma transferência para a Europa é algo que ainda te seduz?
Estou feliz aqui, mas é lógico que é sempre bom receber boas propostas de grandes clubes. Mas meu pensamento agora não é esse. É a luta contra o rebaixamento.

Como foi chegar à seleção, jogar ao lado do Messi?
Ele é incrível. É uma honra defender a seleção argentina e jogar com ele. É um jogador especial, que consegue fazer aquilo que você não acredita que ele vai fazer, como dar passes muito difíceis.

Em compensação, no Palmeiras, muitas vezes a gente vê você sofrendo no ataque, recebendo poucas bolas precisas. Falta um pouco de qualidade técnica, esse tipo de talento, a seus companheiros?
Falta um pouco, sim. Especialmente para a última bola, para criar e definir os lances. Essa situação só piora com o nervosismo causado pela situação que vivemos agora. Mas o grupo que temos é esse. Temos que nos virar assim.

Você pensa em aproveitar o papel de liderança que ganhou para indicar reforços para a próxima temporada?
Acho que o jogador não tem tanto empenho com o clube quanto deveria. Ele não pode só treinar e ir para a casa. Gosto de me envolver com a diretoria, com a comissão técnica. Se me deixarem, pretendo ajudar, sim.

Já indicou alguém?
Só comentei sobre um ou outro jogador. Ainda não fiz nenhuma indicação. Vamos ver como vai ser agora.

Apesar de não ter saído da zona de rebaixamento, o Palmeiras melhorou com o técnico Gilson Kleina?
É difícil falar isso. Faz quatro meses que o Palmeiras foi campeão com o Felipão.

O Scolari foi embora com parte dos jogadores contra ele. O clima estava desgastado?
Nunca vi nada disso. O ambiente com ele nunca foi ruim. Isso foi coisa que só ouvi falar pela imprensa.


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