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Edgard Alves

Conta cara demais

Derrubada de velódromo no Rio para construção de outro para 2016 mostra que um dos dois projetos é equivocado

A Prefeitura do Rio vai derrubar o velódromo, que custou R$ 14 milhões e foi inaugurado no Pan-2007, para construir um novo por R$ 134 milhões para a Rio-2016, tudo na conta do governo federal. A alegação é que o velódromo está fora dos padrões para as disputas olímpicas. Saltar dos R$ 14 milhões, mesmo considerando os valores da época, para os R$ 134 milhões da atualidade é uma diferença enorme, brutal, como trocar um carcomido casebre por um imenso e sofisticado palácio. Uma festa sem fim.

Recentemente, o prefeito Eduardo Paes, em campanha pela reeleição no Rio de Janeiro, se posicionava contra a demolição, que dizia inaceitável. Reeleito, imediatamente a Empresa Olímpica Municipal anunciou a construção da nova pista, alegando que uma reforma da praça atual ficaria em R$ 126 milhões, então, melhor uma nova por apenas R$ 8 milhões a mais. Em relação ao velódromo do Pan, o novo projeto deve contemplar pista de madeira especial com inclinação adequada para possibilitar velocidades mais altas das bicicletas; arquibancada com capacidade maior (de 1.500 lugares para 5.000); e perfeita visualização dos atletas pelos árbitros e pelas câmeras de TV, sem colunas de sustentação para atrapalhar.

A desproporção entre os custos dos dois projetos -do Pan e da Olimpíada- assusta. O bom senso aponta que um deles é um equívoco completo. Isso considerando apenas os números, que parecem sair de cartola mágica como algo aparentemente extraordinário. Só que mágicas são truques, sem que haja explicação aos espectadores. Talvez o prefeito dê algum detalhe sobre o velódromo, hoje, quando apresenta aos vereadores a proposta de lei para mudança de critérios ambientais na Barra visando a liberação de obras do campo de golfe e a mudança do gabarito da região onde ficará o Parque Olímpico, ambas discussões sensíveis.

Quando defendia a não demolição do velódromo do Pan, o prefeito Paes dizia que a Olimpíada do Rio seria sinônimo de legado e não de elefantes brancos. Entretanto, sob seu governo, aquela praça serviu a outros propósitos, não ao ciclismo. O espaço foi cedido para uma emissora de TV gravar cenas de novela e abrigou, em parte dos cinco anos, centros de treinamento de ginástica e taekwondo. Nada contra, exceto pelo fato de o ciclismo brasileiro ter ido aos Jogos de Londres, em julho, sem uma equipe de pista, mesmo sabendo que terá, como organizador, vagas asseguradas nessa especialidade, em 2016.

Participante da história dos dois velódromos, o Ministério do Esporte tenta passar imagem de zelo com o bem público, e já discute com a Prefeitura de Goiânia para que a atual pista de pinho siberiano do Rio seja transferida para a capital de Goiás. Ou seja, mais um autódromo deve ser construído, sem dúvida, bancado pelos contribuintes.


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