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Schumacher mantém obsessão até o fim
F-1 Em sua última corrida na categoria, alemão discute sobre chuva antes de ser homenageado por sua equipe
Michael Schumacher chegou ontem ao autódromo de Interlagos, às 8h50, já com o uniforme da Mercedes, ele próprio ao volante de um SUV (veículo utilitário esportivo).
Com um semblante sério, imutável desde que chegara, entrou no box 8, às 9h01, para a reunião com sua equipe.
Às 9h08, à frente dos boxes tirou foto com seu colega Nico Rosberg e todo o time, que o homenageava. Cartaz trazia o agradecimento "Michael, Thank You, Good bye".
Voltou ao box sério, mas agora já esboçava um sorriso.
A aposentadoria, segundo membros da Mercedes, não foi tema tocado por Schumacher.Nem em um momento de descontração, anteontem à noite. Preferiu discutir com amigos a possibilidade de chuva durante a prova e como isso aumentaria suas chances.
A explicação oferecida por amigos é que como sua decisão foi anunciada em outubro ela estava clara em sua cabeça. Não havia razão para falar sobre isso ou alterar a rotina.
Além disso, está mais maduro, afinal, agora é sua segunda aposentadoria.
Só que, ao contrário de sua "primeira" carreira, a segunda, que teve início em 2010, sem carro competitivo, ficou distante de gloriosa: foi ao pódio somente uma vez.
Às 11h, quando foi ao banheiro, torcedores gritavam das tribunas: "Schumi, Schumi". Não provocaram reação.
Antes da corrida, como homenagem simples, a organização permitiu que fizesse uma volta lenta no circuito.
Dentro das pistas, fez o que prometera no dia anterior: o melhor que pôde. Largou em 13º e terminou em sétimo.
Ironicamente, em uma simbólica "passagem de bastão", o último a ultrapassá-lo foi Sebastian Vettel, que o agradeceu por não ter dificultado a manobra. Schumacher respondeu que o compatriota vinha mais rápido, e que não havia razão para atrapalhá-lo.
"Não foi o domingo perfeito, como eu gostaria. E não, ainda não dei por mim que agora estou aposentado. Provavelmente fique claro quando eu estiver bebendo e reencontrando os mecânicos", argumentou o agora ex-piloto.
Às 16h22, Schumacher finalizou sua última tarefa oficial na categoria que o tornou ídolo, a entrevista para as emissoras de TV e rádios.
Ao terminar, torcedores, das tribunas, ainda o saudavam com coros de "Schumi".
Desta vez, o alemão não os ignorou. O único heptacampeão da F-1 finalmente olhou na direção dos agitados fãs no autódromo de Interlagos, e, abrindo um largo sorriso, acenou para eles antes de se recolher ao box da Mercedes.
Obsessivo até o fim, Michael Schumacher fecha carreira.