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Lúcio Ribeiro

Orkutização tricolor

O São Paulo e sua torcida não precisaram encarar a segunda divisão para mudar o perfil de torcedor

SE VOCÊ frequenta a internet, já esbarrou por lá com o termo "orkutizar", que, grosso modo, significa popularizar, às vezes com tom preconceituoso. O Orkut seria o Facebook da galera menos abastada. E orkutizar, hoje, tem uma clara relação com a tal ascensão da classe C.

Sociologia real-virtual à parte, chegamos ao futebol. E, em particular, ao torcedor do São Paulo.

O tricolor sempre teve seu jeito próprio de torcer. Nos anos 60, 70, 80, menor que as de Corinthians, Palmeiras e Santos, a torcida era julgada e se julgava de "elite", especial, com "estirpe". Para os rivais, era "fresca", "de sofá".

Se o time ganhava, comemorava. Se perdia, dizia nem saber do resultado, pois, na hora da partida, estava no cinema, no teatro.

Não precisa ser são-paulino para saber que existe algo de diferente pelos lados do Morumbi.

O time mais vitorioso do Brasil no século (Mundial, Libertadores, três Brasileirões seguidos) agora solta fogos por façanhas nunca antes comemoradas.

Na incômoda "fila" sem levantar uma taça desde 2008, o São Paulo é outro. Não falo do time atual, que é bom. Falo da torcida mesmo. Da arquibancada. Após a era vitoriosa de Telê, sempre se disse que a torcida do São Paulo foi a que mais cresceu. Nasciam cada vez mais são-paulinos. Vinte anos depois, parece que finalmente o crescimento se reflete em campo. E numa clara mudança de perfil do torcedor.

O Morumbi lotou para ver o jogo de volta da semifinal da Copa Sul-Americana. Um torneio em que o São Paulo de 20 anos atrás colocaria os reservas para jogar. Que "nada vale" no sentido de vaga para a Libertadores, já garantida. Em outros tempos, nem sequer serviria (para o são-paulino) como um título digno de sair da fila.

O que era para terminar em vaias, com um 0 x 0 em casa, acabou em festa. A torcida comemorou o empate e a classificação com o time, numa sintonia eufórica. Nas arquibancadas, falando desse novo perfil, o são-paulino mais tranquilo, tricolor old-style, é, muitas vezes,"convidado" a parar de reclamar e incentivar o time.

Na quarta-feira seguinte, no jogo de ida da final, outro amigo, também desses são-paulinos antigos, ficou bravo que fogos de artifício acordaram sua filha de um ano. "Alguém precisa avisar este povo que é a Sul-Americana", me disse.

E já falaram até que tem muito "corintiano enrustido" frequentando o Morumbi. É a materialização concreta da "orkutização" tricolor.

Chatos à parte, é nítido que a torcida do São Paulo mudou para melhor. É só ver como o Lucas está se despedindo e como o Kaká se despediu. Como a torcida deu tempo a Jadson e a Oswaldo e vai dar a Ganso, quando o Morumbi sempre foi uma frigideira de jogadores que não emplacavam de cara.

Geralmente os laços torcida/time ou a diminuição da exigência com o clube estão ligados a uma queda para a segunda divisão. Aconteceu com o Corinthians. Acontece com o Palmeiras. Bom para o São Paulo.


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