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Xico Sá

O Corinthians como ele é

Corintiano sem sofrimento é católico sem hóstia na missa, judeu sem Torá, muçulmano sem Meca

Amigo torcedor, amigo secador, o Japão fez o favor de devolver, em menos de uma semana, o corintianismo ao Corinthians.

O time chegou ao outro lado do mundo na condição de favorito, depois de um ano de merecida glória e controle quase absoluto das partidas. Não é com esse status que decide amanhã, contra os azulões do Chelsea, a copinha do Mundial de Clubes.

E, convenhamos, corintiano sem sofrimento é católico sem hóstia na missa de domingo, judeu sem Torá, muçulmano sem Meca, evangélico sem culto, budista sem meditação etc.

O Corinthians que entra em campo amanhã é o alvinegro da velha mística do sofrimento e da quase tortura aos seus fiéis e orgulhosos fundamentalistas.

Quer moleza, vai torcer para o Barcelona do Lionel Messi.

Bastou aquele segundo tempo contra os egípcios para que todo corintiano voltasse a se sentir novamente mais corintiano. Algo andava muito estranho.

Mesmo na célere marcha de vitórias por 1x0, era uma equipe que mandava no jogo, sem risco, sem a vulnerabilidade que exibiu aos japoneses.

Bastou também um Chelsea mais ou menos organizado em campo, quase um Corinthians da Libertadores, para que o favoritismo fosse tingido do azul mais britânico. Cenário perfeito para o alvinegro do Parque São Jorge.

Até o meu poderoso corvo Edgar, que foi até o Japão no cargueiro do Lloyd, fez uma aliança de última hora com o gavião. Partiu ao Oriente com a certeza de que secaria o Corinthians.

Secou o alvinegro contra os bravos faraós do Egito. Secou o Chelsea contra os mariachis do Monterrey. Amanhã, pela sua lógica de secar sempre os favoritos, deve agourar os ingleses. Não pouparia o Timão caso ele permanecesse por cima da carne seca.

Se oriente, rapaz, pela constelação do cruzeiro do sul. A velha canção de Gilberto Gil, torcedor do Bahia e fã do Corinthians, tem muito o que ensinar, nesse perigo da hora, aos meninos do Tite.

Considere, rapaz, o privilégio de ter ido ao Japão.

Neste cenário, de resgate da cartilha do corintianismo, tudo pode acontecer. É mais jogo. Mais chance do churrasco matinal ser apagado apenas com o fim do mundo que está próximo.

O corintiano, o raro que conseguir dormir nas próximas 24 horas, amanhecerá mais fiel e nada estranho, corintianíssimo na sua possibilidade de superar o mais difícil.

O Japão, em menos de uma semana, reorientou o espírito centenário do time do povo.

Não deixa de ser algo budista. Medite, amigo, para secar ou para torcer em paz neste domingo.


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