Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Professor

Performático, acessível e obcecado pelo trabalho, técnico tem 1ª chance real de ser campeão mundial

DOS ENVIADOS A YOKOHAMA

Tite treinava o Al Wahda e fazia o planejamento para o Mundial de Clubes de 2010 quando recebeu uma ligação do Brasil. Jogou fora a chance de disputar o torneio para começar do zero todo o trabalho no Corinthians. Dois anos depois, retomou a oportunidade de participar do torneio de clubes mais importante da Fifa, desta vez com chance real de título.

"O Corinthians já foi campeão do mundo. Mas eu não", disse o técnico em uma das inúmeras entrevistas que concedeu nesta temporada.

O acesso a Tite, diferentemente de outros técnicos de outros times, não é difícil. O gaúcho de 51 anos fala muito: atende a todos, fãs e jornalistas, com a mesma paciência do primeiro ao último.

Antes do embarque ao Japão, abriu uma semana de janela para atender à imprensa. Concedeu 45 entrevistas.

Por onde passa, atrai a atenção dos torcedores. No caminho até a sabatina da Folha, no fim do mês passado, o que Tite mais ouvia, dos motoqueiros nos faróis aos seguranças do shopping, era "obrigado". Retribuía a todos com acenos e sorrisos.

Ganhar a Libertadores lhe rendeu gratidão eterna e raramente vista entre o rol dos treinadores do Corinthians.

Mas a obsessão pelo trabalho o faz manter o semblante sério. Em meio à preparação para o Mundial, atendeu a inúmeros pedidos de participações em programas de TV e ações de patrocinadores. O discurso, porém, sempre foi o mesmo: concentração, ambição, humildade e intensidade. O time precisava reagir no Brasileiro, e isso o deixava extremamente inquieto.

Nas entrevistas, o jeito performático chama a atenção e diverte. Balança os braços, aponta o dedo, faz pausas de 15 segundos e adora lançar frases de efeito. "Campo. O campo fala", respondeu certa vez à Folha, quando questionado sobre o critério que definiria o time titular.

Perder a paciência é raro. Pelo menos na frente do público. Se tem algo que Tite não tolera é que seus atletas tripudiem ou esnobem adversários. Mas, como costuma dizer, "ninguém é Poliana". Nos treinos, se alguém recebe uma entrada mais dura, ganha o direito velado de devolver na mesma intensidade. Depois, continua o jogo.

Contra o Santos, pela penúltima rodada do Nacional, Tite chegou irritado ao vestiário por Emerson não ter devolvido a bola ao adversário, que havia chutado para fora para atendimento médico.

"Teve um lance igual em que eles não devolveram a bola, professor", argumentou o atacante. Tite concordou. "É do jogo. Se não há regra quanto a isso, o troco é na mesma moeda", disse.

Tite escapa das perguntas embaraçosas com a mesma habilidade que o faz ser respeitado pelos atletas. Às vésperas do Mundial, o argentino Martínez reclamou que, se ficasse na reserva em 2013, deixaria o clube. Levou uma bronca. "Resolvemos internamente, o assunto está encerrado", disse Tite.

Também evita sempre individualizar seus jogadores. "Se eu disser que o Danilo é habilidoso e inteligente, vão interpretar que outro jogador da mesma posição não é."

Ontem, em sua última entrevista, mandou um recado para a torcida. "Vai, Corinthians! É 'nóis', mano!".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página