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Edgard Alves

Confissão intrigante

Possível admissão de uso de substâncias ilegais é um novo capítulo de falcatruas de Lance Amstrong

O norte-americano Lance Armstrong vai confessar na próxima quinta-feira, numa entrevista para TV, ter usado substâncias ilegais e se dopado para competir. Isso é o que afirmam jornais dos EUA.

Será a primeira vez que ele se manifestará formalmente desde que foi banido das competições em outubro e teve cassados os seus sete títulos de campeão da Volta da França, a tradicional e mais importante disputa internacional de ciclismo.

A bombástica entrevista é outro capítulo da falcatrua em que ele, sem escrúpulos, se meteu. Levou vantagem durante anos, abiscoitou polpudos prêmios, desfrutou de regalias como supercampeão e, embora nunca tenha admitido culpa ou sido pego num teste antidoping, acabou desmascarado.

A Agência Antidoping dos Estados Unidos definiu o escândalo como "programa de doping mais sofisticado, profissional e bem-sucedido que o esporte já viu". A decisão da agência de banir o ex-atleta do esporte foi ratificada pela União Internacional de Ciclismo.

A confissão é uma cartada na tentativa de reverter o banimento do esporte. Essa é a esperança de Armstrong, segundo pessoas próximas a ele e autoridades antidoping.

O dito popular que reza ser a esperança a última a morrer parece se encaixar no caso. Isto porque o prazo de apelação contra a punição já expirou. Armstrong investe na troca do banimento por uma punição com suspensão. É difícil que isso ocorra, não improvável, em se tratando de tomada de atitude no surpreendente mundo dos esportes.

A simples admissão do uso de doping, sem definir datas e competições nas quais cometeu o delito, é a estratégia aventada. Se funcionar, aos 41 anos, e tendo de cumprir uma sentença de afastamento -não importa a extensão da punição-, ele, certamente, jamais recuperará a forma física e técnica dos bons tempos. Talvez nem volte a competir.

Isso pouco importa, pois poderá desfrutar de outras vantagens, como não precisar mais devolver os prêmios ganhos durante a carreira, porque continuariam incertas as competições nas quais teria utilizado drogas para melhorar o rendimento. Tal argumento também dará respaldo à defesa para manutenção da posse da medalha de bronze, conquistada na Olimpíada de Sydney-2000, sobre a qual o Comitê Olímpico Internacional, espertamente, ainda não se manifestou.

Além disso, cassar a medalha implica em risco como o de cuspir para o alto e receber a gosma de volta. Pode criar no futuro uma teia de problemas na substituição dos postos que ficariam vagos no pódio e demais classificações, como já alertou a Federação Francesa de Ciclismo, tal a quantidade de atletas envolvidos em suspeitas de doping.

O caos invadiria a modalidade. Mais ou menos como tirar um troféu de Don Corleone e passá-lo a Al Capone, e assim por diante.


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