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Edgard Alves

Alternância no poder

A perpetuação da cartolagem no poder é um entrave ao desenvolvimento do esporte brasileiro

HÁ UM ANO, precisamente em 4 de fevereiro, iniciei o trabalho neste espaço com uma coluna intitulada Dupla Função, na qual criticava o fato de Carlos Arthur Nuzman ocupar simultaneamente os cargos de presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e do Co-Rio, o comitê organizador da Olimpíada-2016.

Escrevo agora o 66º texto. Diria que nada mudou no período, não fosse a quarta reeleição de Nuzman no COB, a qual o garantirá no cargo por mais um ciclo olímpico, totalizando 21 anos na função.

Por que relembrar isso? Simplesmente porque, se não ocorreram mudanças por aqui, em algumas organizações internacionais elas despontaram, embora timidamente, na tentativa de evolução, sob o diapasão da alternância de poder.

O próprio Nuzman, que tinha posto efetivo no Comitê Olímpico Internacional, após completar 70 anos no ano passado, teve de deixar o cargo e virou membro honorário, podendo assistir às sessões, mas sem o direito de votar e de ser votado, e sem qualquer função executiva. Lá, essa norma não é novidade.

Exemplo positivo partiu de dirigentes europeus da Fifa, que querem impôr teto de 72 anos de idade para os candidatos à presidência e para membros do comitê executivo, seja para eleição ou reeleição, e também limitar a dois mandatos de quatro anos no máximo.

A medida parece suave, leve, mas não tanto se for levado em conta que o presidente Joseph Blatter, 76, dirige a entidade desde 1998, e seu quarto mandato expira em 2015, ou seja, completará 17 anos no cargo.

Na NBA, a poderosa e milionária liga profissional de basquete da América do Norte, após 30 anos no comando, o comissário David Stern, 70, já anunciou que vai se aposentar em 1º de fevereiro de 2014, mesmo com a escalada ininterrupta de sucesso financeiro, de público e de expansão da organização.

Por aqui, além do COB, o continuísmo persiste no comando das organizações esportivas.

A confederação dos desportos aquáticos, por exemplo, é dirigida por Coaracy Nunes há 25 anos, e não sinaliza com hipótese de mudança.

No vôlei, Ary Graça não larga o poder de jeito nenhum, mesmo tendo assumido simultaneamente a presidência da federação internacional. Optou por uma licença.

No tênis, Jorge Rosa entra no terceiro mandato, alargando sua gestão para 12 anos, como a do seu antecessor, que ele criticava pela longa permanência no cargo.

Na contramão, somente o atletismo, que, depois de duas décadas, trocou a direção.

A perpetuação da cartolagem no poder, sem dúvida, tem se mostrado um entrave ao desenvolvimento do esporte brasileiro, com crescente injeção de verbas governamentais. E essa política, sustentada com dinheiro público, embora as entidades esportivas sejam privadas, carece de um ponto final.


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