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Paulo Vinícius Coelho

Minha casa, minha vida

O futebol brasileiro sempre lamentou ter estádios velhos. Resta saber se os novos não serão um castigo

O Atlético enfrenta o Cruzeiro na reabertura do Mineirão, hoje, mas não vai usar o mítico palco como sua casa nos próximos anos. Quer independência.

A frase explica a escolha do novo lar, o estádio Independência, e também a tentativa de arrecadar mais, sem depender da Minas Arena, concessionária do novo Mineirão.

O Cruzeiro jogará lá sempre. Pelo contrato assinado, tem obrigação de fazer do Mineirão o seu estádio. Terá direito a explorar dois camarotes, um bar temático e um museu. Fora isso, o lucro de 98 camarotes, 58 bares e um restaurante será todo da concessionária.

Ao Cruzeiro cabe a arrecadação de 54 mil dos 62 mil lugares (87%). "Eles vão arrecadar menos do que o Atlético-PR, que tem seu campo", critica o presidente rival, Alexandre Kalil.

Gilvan Tavares, presidente do Cruzeiro, discorda. Mas um diretor do clube disse reservadamente, nesta semana, uma frase importante: "Nos anos 60, o governador Magalhães Pinto construiu o estádio e deu ao futebol de Minas. O governo atual tirou. O Mineirão agora tem de dar lucro, e o futebol vai pagar".

No mundo inteiro, leva vantagem quem consegue fazer de seu estádio fonte de receita. Pode ser estádio público, mas é necessário no mínimo dividir o resultado. Na Itália, Milan e Inter invejam a Juventus, única equipe proprietária de sua própria casa. "Não temos dúvida de que nossa arena será nossa maior fonte de renda", diz o presidente do Corinthians, Mario Gobbi. O Corinthians é o clube de maior faturamento no Brasil -projeta R$ 330 milhões neste ano.

O Atlético confia no edital de licitação para jogar no novo Mineirão quando quiser. Mas só quando quiser. Pode requisitar o estádio e mandar as partidas grandes, contra Cruzeiro, Flamengo, Corinthians... Precisa avisar com antecedência e arrecadará 87% da bilheteria, como o Cruzeiro.

Os jogos médios e pequenos serão no Independência, com direito a 45% da receita das lojas e 100% dos jogos -R$ 6 milhões estão garantidos com vendas de camarotes.

A questão não é mineira. É nacional. A privatização do Maracanã pode causar o mesmo problema para Flamengo e Fluminense.

Por muitos anos, o futebol brasileiro lamentou ter estádios velhos, verdadeiros poleiros para seus torcedores. A questão agora é saber se as novas arenas atenderão ao futebol. Ou se serão um castigo para quem fizer questão de manter a tradição de jogar nelas.

OBRIGADO!

Por dois anos e meio, entre setembro de 2008 e abril de 2011, compartilhei este espaço com você.

Tenho a honra de voltar a este convívio e lembrar, a cada domingo e segunda-feira, como cada linha escrita nesta Folha interfere na vida do país. Obrigado!


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