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Juca Kfouri

Falsa polêmica

A discussão sobre o moderno olhar eletrônico para auxiliar o antigo sopro do apito

A FIFA CONFIRMA que veremos auxílio tecnológico nas Copas das Confederações e do Mundo, no Brasil.

A adoção da medida, mesmo que apenas para dirimir dúvidas sobre se a bola ultrapassou ou não a linha do gol, é um avanço -e quebra uma resistência secular.

Ainda insuficiente, porque também poderia ser aplicada para situações de impedimentos duvidosos, mas um avanço.

Curiosamente, dois jogos entre ingleses (os pais do futebol moderno) e alemães (craques em tecnologia), em duas Copas (em 1966 e 2010), contribuíram para a novidade, talvez porque na África do Sul, ao contrário do que se deu na Copa da Inglaterra, os britânicos, senhores das regras, foram os prejudicados.

Fato é que o nível de investimentos que hoje envolve o futebol não deve mesmo deixar apenas aos naturalmente falíveis olhos humanos a decisão de lances fundamentais, ainda mais porque o olhar eletrônico da TV é deslealmente superior.

Se nunca saberemos ao certo se a decisão da Copa de 1966 teve um gol inglês, de Hurst, em que a bola não entrou, não restou nenhuma dúvida de que o chute de Lampard, na Copa de 2010, não só passou a linha fatal como o fez por mais de metro.

Lembremos que o gol validado para os ingleses em Londres, no estádio de Wembley, acabou por por ajudar a Inglaterra a ser campeã mundial pela primeira e única vez.

Disputava-se a prorrogação com 2 a 2 no placar e o gol pôs os súditos da rainha na frente, para depois fazerem 4 a 2.

Já o gol inglês em Bloemfontein, no Free State Stadium, seria o de 2 a 2 num jogo pelas oitavas de final e que terminou com 4 a 1 para os germânicos.

A Fifa já havia aberto o precedente no Mundial de Clubes vencido pelo Corinthians, mas no Japão não foi preciso usar a ferramenta.

É comum que se argumente contra o uso da arbitragem eletrônica a impossibilidade de ser adotada em todos os torneios e em todos os estádios. Mas no tênis a prática também se restringe às competições mais importantes e apenas nas quadras centrais, assim como em outros esportes.

Outra divergência é sobre o uso de imagens nos julgamentos disciplinares nos tribunais da dita justiça esportiva, ferramenta contra a qual o presidente do Galo, Alexandre Kalil, falará na próxima reunião na CBF. Ele propõe que só se decida sobre o que está na súmula.

O ótimo é inimigo do bom e para quem gosta das deliciosas discussões de botequim, não há por que se preocupar: a paixão sempre prevalecerá até sobre a ciência e prova disso são os que ainda defendem jogos acima de 2.600 m de altitude.

E se o árbitro é sempre ladrão para os fanáticos, tenha certeza de que estes também dirão que a tecnologia foi comprada para ser a favor do Corinthians.

Ou contra, o que é mais provável...


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