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Edgard Alves

Caixinha de surpresa

COI diz que preparação para a Rio-16 vai bem, mas dúvidas aumentam e orçamento está indefinido

A expressão "caixinha de surpresa" era muito usada tempos atrás no mundo do futebol.

Talvez ainda seja, embora menos. Indicava que tudo podia acontecer num jogo, que o favoritismo de um dos lados, por exemplo, não valia como seguro contra derrota, ou seja, não definia nada, apenas colocava uma incerteza no ar.

Nas análises, e nas discussões de botequins, todos recorriam à tal caixinha. Valia também para o pós-jogo, quando ocorria uma zebra, um resultado inesperado.

No jornalismo, recorrer a ela era o antijornalismo, como conduzir o leitor a um túnel escuro, sem luz no final. Por isso seu uso era, e continua, proibido, vetado nas redações.

Ela veio à cabeça nos últimos dias, encaixando-se na leitura do noticiário sobre o andamento do plano de construção das instalações para os Jogos Olímpicos de 2016.

Descobri ali que a "caixinha de surpresa" existe, pelo menos quando se trata da Olimpíada.

Isto porque, a cada visita da comissão coordenadora do COI para os Jogos no Rio, o órgão a finaliza com informações surpreendentes.

Depois de anunciar que o Rio estava sob alerta, o COI vem na quarta inspeção, encerrada na última quarta-feira, e, soberano, sequer aponta um sinal amarelo ao ritmo das obras. De fato, o desempenho nos canteiros deve ter melhorado, e é nesse sentido que caminha o desejo da população do país.

O comando da comissão deu ênfase só a um alerta, o de que 2013 é um ano crítico para a preparação da cidade, no qual devem ser concluídos projetos e iniciadas obras.

Entretanto, soou estranha a indefinição dos locais de disputas. Até esta quarta inspeção, a organização não havia batido o martelo sobre onde serão jogados dois esportes, hóquei sobre a grama e rúgbi de sete. Agora, quando se diz que o trabalho vai bem, as dúvidas subiram para cinco, com a inclusão de esgrima, basquete e saltos ornamentais.

Acrescente-se a esse quadro a pendência no golfe, que pode causar dor de cabeça à organização: uma disputa judicial sobre o direito de propriedade do terreno no qual está planejada a construção do campo da modalidade.

O COI já teria sido notificado pela Justiça sobre esse litígio.

Enquanto as novas questões, com o processo de obras em andamento, aguardam por soluções, um ponto é certo: o custo do projeto vai subir. Quanto? Não se sabe, mesmo porque nem sequer se conhece quanto a Olimpíada vai custar.

Só em julho, o comitê organizador da Rio-2016 fecha o orçamento, com a estimativa de gastos.

Um mês antes, os organizadores dos Jogos de Londres-2012 encerram as contas de lá (cerca de 7,3 bilhões de libras; R$ 21,9 bilhões) e virão mostrá-las aos colegas daqui. Certamente, o espírito da maldita caixinha vai estar presente, só que como um "contêiner de surpresas".


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